terça-feira, 19 de abril de 2011

O VII Mandamento – Não roubarás. O X Mandamento – Não cobiçarás os bens do teu próximo

O Sétimo Mandamento – Não roubarás. O Décimo Mandamento – Não cobiçarás os bens do teu próximo

Nem os ladrões, nem os avarentos... nem os rapinadores herdarão o Reino de Deus (1 Cor 6,10)
Tu não desejarás para ti a casa de teu próximo, nem seu campo, nem seu escravo, nem sua  escrava,  nem  seu  boi,  nem  seu  jumento,  qualquer  coisa  que  pertença  a  teu  próximo  (Dt 5,21)

Hoje trazemos trechos dos ensinamento de Jesus sobre o VII e o X Mandamentos, retirados da obra de Maria Valtorta.
Jesus nos fala da necessidade de moderação e pureza em relação aos desejos, e dos belos frutos advindos dessa forma de proceder.
Vejamos o que Jesus nos diz:

       Deus dá a cada um o necessário. Isto é a verdade. O que é necessário ao homem? O luxo? Um grande número de servos? As terras cujos campos não se podem contar? Os banquetes, que começam com o pôr-do-sol e terminam com o romper da aurora? Não. Necessário para um homem é um teto, um pão, uma veste. O indispensável para viver.
       Olhai ao redor de vós. Quem são os mais alegres e os mais sãos? Quem é que goza de uma velhice sadia e serena? Os gozadores? Não. Aqueles que honestamente vivem, trabalham e desejam. Esses não têm o veneno da luxúria e permanecem fortes. Não têm o veneno das crápulas e permanecem ágeis. Não têm o veneno das invejas e permanecem alegres. Enquanto que aquele que deseja ter sempre mais, mata sua  paz e não goza, mas envelhece precocemente, queimado pela inveja ou pelo abuso.
       Poderia unir o mandamento do "não roubar" àquele do "não desejar o que é dos outros". Porque, de fato, o desejo excessivo impele ao furto. Não há mais do que um rápido passo deste para aquele. É ilícito todo desejo? Não digo isto. O pai de família que, trabalhando no campo ou na oficina, deseja tirar daí o pão para os seus filhos, na verdade não peca. Ao contrário, está cumprindo o seu dever de pai. Mas aquele que, em vez disso, não deseja outra coisa senão gozar mais, e se apropria do que é dos outros, para conseguir gozar mais, esse peca.
       A inveja! Porque, o que é o desejo das coisas alheias, senão avareza e inveja? A inveja separa de Deus, meus filhos, e une a Satanás.
       Não pensais que o primeiro que desejou o que era dos outros foi Lúcifer? Era o mais belo dos arcanjos e gozava de Deus. Teria devido ficar contente com isso. Invejou a Deus, quis ser Deus e tornou-se o demônio. O  primeiro demônio.
       Segundo exemplo: Adão e Eva tudo tiveram, gozavam do paraíso terrestre, gozavam da amizade de Deus, felizes com os dons da graça, que Deus lhes havia dado. Teriam devido contentar-se com isso. Invejaram a Deus em seu conhecimento do bem e do mal e foram expulsos do Éden, tornando-se os proscritos malvistos a Deus. Foram os primeiros pecadores.
       Terceiro exemplo:  Caim invejou Abel por sua amizade com o Senhor. E tornou-se o primeiro assassino.
       Maria, irmã de Arão e Moisés, invejou o irmão e tornou-se a primeira leprosa da história de Israel.
       Poderia, passo a passo, conduzir-vos, por toda a vida do povo de Deus, e veríeis que o desejo imoderado fez, de quem o teve, um pecador, e da nação um castigo. Porque os pecados dos particulares se acumulam e provocam os castigos das nações, assim como grãozinhos e mais grãozinhos de areia, acumulados em séculos e séculos, provocam um desmoronamento, que submerge as cidades com os que moram nelas.
       Muitas vezes vos tenho citado como exemplo os pequenos, porque são simples e confiantes. Hoje Eu vos digo: imitai os pássaros, em sua liberdade, quanto aos desejos.
       [...]
       Haverá criatura mais alegre que o pássaro? Contudo, que é a sua inteligência, em comparação àquela humana? Uma lasquinha de sílex em relação a uma montanha. Mas vos ensina. Em verdade Eu vos digo que possui a alegria do pássaro aquele que vive sem desejos impuros. Ele confia em Deus e sente que Deus é Pai. Ele sorri ao dia que surge e à noite que desce, porque sabe que o sol é seu amigo e que a noite é sua nutriz. Ele olha sem rancor para os homens e não teme as suas vinganças, porque não os prejudica de nenhum modo. Ele não receia pela sua saúde, nem pelo seu sono, porque sabe que uma vida honesta mantém longe as doenças e dá um doce descanso. Finalmente, ele não teme a morte, porque sabe que, tendo agido bem, só pode receber o sorriso de Deus. (grifei e destaquei)
(Valtorta, Maria. O Evangelho como me foi revelado. Isola del Liri - Itália: Centro Editoriale Valtortiano, 2002. v. 2. p. 333-335)      

O VII e o IX Mandamentos são objeto dos parágrafos 2401 a 2463 e 2534 a 2557 do Catecismo da Igreja Católica, onde, dentre outros importantes ensinamentos, selecionei este trecho extraído do tópico relativo à doutrina social da Igreja:

     2424 Uma teoria que faz do lucro a regra exclusiva e o fim último da atividade econômica é moralmente inaceitável. O apetite desordenado pelo dinheiro não deixa  de produzir seus efeitos perversos. Ele é uma das causas dos  numerosos conflitos que perturbam a ordem  social.  Um  sistema  que  "sacrifica  os  direitos  fundamentais  das  pessoas  e  dos  grupos  à organização coletiva da produção" é contrário à dignidade do homem. Toda prática que reduz as pessoas a não serem mais que meros meios que têm em vista o lucro escraviza o homem, conduz à idolatria do dinheiro e contribui para difundir o ateísmo. "Não podeis servir ao mesmo tempo a Deus e ao dinheiro" (Mt 6,24; Lc 16,13). 

     2425 A  Igreja  tem  rejeitado  as  ideologias  totalitárias  e atéias associadas, nos tempos modernos, ao "comunismo" ou ao "socialismo”. Além disso, na prática do "capitalismo",  ela  recusou o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano [a40]. A regulamentação da economia exclusivamente por meio planejamento centralizado perverte na base os vínculos sociais; sua regulamentação unicamente pela lei do mercado vai contra a  justiça social, "pois há muitas necessidades humanas que não podem atendidas pelo mercado". É preciso preconizar uma regulamentação racional do mercado e das iniciativas econômicas, de acordo com uma justa hierarquia de valores e em vista do bem comum.

       Também há outros preceitos no Catecismo em que se abordam o papel do Estado na “aplicação dos direitos humanos no setor econômico”, o direito a um salário justo, a greve (quando é legítima e quando é inaceitável), a solidariedade que deve haver entre as nações, a incompatibilidade entre o amor aos pobres e o amor imoderado à riqueza, as obras de misericórdia, a luta pela pureza, pela simplicidade, o pudor do corpo e dos sentimentos: “[...] Ensinar  o  pudor  a  crianças  e adolescentes é despertá-los para o respeito à pessoa humana (§ 2524).
       Que Deus abençoe a todos!
       Francisco José

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