quarta-feira, 7 de março de 2012

A Paixão de Jesus e de Maria e a Compaixão de João

A Paixão de Jesus e de Maria e a Compaixão de João
Nestes tempos da Quaresma, transcrevo, abaixo, as reflexões de Jesus ditadas a Maria Valtorta logo depois de revelar-lhe os detalhes de Sua Paixão. A passagem abaixo contempla: as implicações decorrentes das torturas em todo e em cada parte do Corpo de Nosso Senhor; a missão dos “salvadores”, regra de natureza divina, e não humana; a crítica que Jesus faz à necessidade do homem de buscar provas científicas para crer (e aí explica a relação entre as toxinas urêmicas desprendidas de seu corpo e a imagem do Sudário); a grandeza de Maria, a Esposa de Deus, necessária à Igreja nascente, da qual foi criada Mãe, poucas horas antes; o porquê da ferida no peito de Jesus; a grandeza do amor de João, que compartilha da dor, o puro, conduzido pelo amor: “o amor prospera da pureza”.
É agradável a Deus meditar sobre a Paixão, nas Dores de Cristo. Afinal, “[...] vós meditais nelas muito pouco. Pouco demais. Não refletis em quanto foi que Me custastes, nem em qual foi a tortura da qual dependeu a vossa salvação” (ob. cit., p. 39).
Fiquem com Deus!
Francisco José
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20 de fevereiro de 1944.
Agora, já é noite. Diz Jesus;
"Tu viste quanto custa ser Salvadores. Viste em mim e em Maria. As nossas torturas conheceste, e viste com que generosidade, com que heroísmo, com que paciência, com que humildade, com que constância, com que fortaleza as suportamos pela caridade de salvar-vos.
Todos aqueles que pedem ao Senhor Deus para fazer deles "salvadores", devem pensar bem que Eu e Maria somos os modelos e que aquelas são as torturas que devem compartilhar para salvar. Não serão a cruz, os espinhos, os pregos, os flagelos materiais. Serão outras, de outra forma e natureza. Mas igualmente dolorosos e igualmente consumantes. E é somente consumando o sacrifício entre aquelas dores que se pode tornar-se salvadores.
É uma missão austera. A mais austera de todas. Aquela a respeito da qual a vida do monge e da monja da regra mais severa é uma flor, comparada a um monte de espinhos. Porque esta não é uma regra de Ordem humana. Mas Regra de um sacerdócio, de uma consagração divina, cujo Fundador sou Eu, Eu que consagro e acolho em minha Regra, em minha Ordem, os eleitos dela, e imponho a eles o meu hábito, a Dor total, até o sacrifício.
Tu viste os meus sofrimentos. Eles foram para reparar as vossas culpas. Nada em meu Corpo foi excluído deles, porque nada no homem é ausente de culpa e todas as partes do vosso eu físico e moral, aquele eu que Deus vos deu com uma perfeição de obra divina e que vós aviltastes com a culpa do progenitor e com as vossas tendências ao mal, com a vossa vontade escrava, são instrumentos de que vos servis para realizar o pecado.
Mas Eu vim para anular os efeitos do pecado com meu Sangue e a minha dor, lavando as vossas partes físicas e morais neles, para limpá-las e para torná-las fortes contra as tendências culpáveis,
A minhas mãos foram feridas e aprisionadas, depois de serem forçadas a levar a Cruz, para reparar todos os delitos feitos pela mão do homem. Daqueles verdadeiros e próprios para reger e manobrar uma arma contra um irmão, fazendo de vós Cains, aqueles membros capazes de roubar, de escrever falsas acusações, de fazer atos contra o respeito do vosso e dos outros corpos, e de ficar no ócio, que é terreno propício dos vícios. Pela vossa ilícita liberdade das mãos fiz crucificar as minhas, pregadas ao lenho, privando-as de todo modo mais que lícito e necessário.
Os Pés de vosso Salvador, depois de terem sido afadigados e contundidos sobre as pedras de meu caminho de Paixão, foram transpassados, imobilizados para reparar todo o mal que vós fazeis com os pés, fazendo deles o meio para ir aos vossos delitos, furtos, fornicações. Assinalei as vias, as praças, as casas, as escadas, de Jerusalém, para purificar todas as vias; praças, escadas, casas da terra, de todo o mal que havia nascido dentro e sobre elas, semeado nos séculos passados e nos séculos futuros pelo vosso mal querer, obediente às instigações de Satanás,
As minhas Carnes foram maculadas, contundidas, laceradas para punir em Mim todo o culto exagerado, a idolatria que vós dais à vossa carne, e que amais por capricho de sentido e também por afeto que em si não é reprovável, mas que tornais tal, amando um progenitor, um cônjuge, um filho, um irmão mais do que amais a Deus.
Não. Sobre todo amor e todo vínculo na terra há, deve haver o amor pelo Senhor Deus vosso. Nenhum, nenhum outro afeto deve ser superior a este. Amai os vossos em Deus. Amai com tudo de vós mesmos a Deus. Isso não impedirá o vosso amor, a ponto de vos tornardes indiferentes aos que estão próximos mas antes alimentará o vosso amor por eles com a perfeição desejada por Deus, porque quem ama a Deus tem Deus em si, e tendo Deus tem a Perfeição.
Eu fiz de minhas Carnes uma chaga para lavar as vossas do veneno dos sentidos, do não pudor, do não respeito, da ambição e admiração pela carne destinada a tornar-se pó. Não é com o culto à carne que se leva a carne à beleza. É com a separação dessa que se dá a ela a Beleza eterna no Céu de Deus.
A minha Cabeça foi torturada por mil torturas; as batidas, o sol, os gritos, os espinhos, para reparar as culpas de vossa mente. Soberba, impaciência, falta de suportação do sofrimento pululam como cogumelos em vossas cabeças. Eu fiz da Cabeça um órgão torturado, fechado em escrínio decorado de sangue, para reparar tudo o que brota de vosso pensamento.
A única coroa que eu quis, tu viste. A coroa que só um louco ou um supliciado pode levar. Ninguém que seja são de mente (humanamente falando) e livre de si, se impõe tal coroa. Mas Eu era julgado um louco, e louco, sobrenaturalmente, divinamente louco era, querendo morrer para vencer o Mal em vós, sabendo que o amais mais que a Deus, e estava à mercê do homem, seu prisioneiro, seu condenado. Eu, Deus, condenado pelo homem.
Quantas impaciências vós tendes por quase nada, quantas incompatibilidades por coisas vãs, quantas dificuldades para aceitar o mal-estar! Mas olhai o vosso Salvador. Meditai o que deveria haver de excitante naquele mudar contínuo de lugar, naquele arrancar os cabelos, naquele agarrar contínuo, movendo a cabeça, apoiando-a sem modos como um tormento! Mas pensai o que eram para minha Cabeça torturada, dolorosa, febril, os gritos da multidão, as batidas, o sol quente! Mas refleti que dor deveria ter em minha Cabeça, durante a agonia da Sexta-feira, já transformada em dor pelo esforço da noite de quinta-feira, em minha pobre cabeça, na qual a saliva da febre de todo o Corpo dilacerado e das intoxicações provocadas pelas torturas!
E na Cabeça os olhos tiveram a sua dor, e a tiveram a boca, o nariz e a língua. Para reparar os vossos olhares amantes de ver aquilo que é mal e tão esquecidos de procurar Deus, para reparar às muitas rudes e luxuriosas palavras que dizeis, em vez de usar os lábios para pregar, para ensinar, para confortar; tiveram a sua tortura o nariz e a língua para reparar os vossos ciúmes e a vossa sensualidade do olfato, pelos quais também cometeis imperfeições que são terreno para mais graves culpas, e culpas com avidez de alimentos supérfluos, sem piedade de quem tem fome, de alimentos que vos podeis permitir muitas vezes recorrendo a meios ilícitos de conseguir.
Os meus órgãos não estiveram livres de sofrimento. Nenhum deles. Sufocações e tosse para os pulmões contundidos pela bárbara flagelação e tornados edemáticos pela posição na cruz. Afã e dor ao coração destroçado e tornado enfermo pela cruel flagelação, pela dor moral que a havia precedido, pela fadiga da subida sob o grave peso do lenho, pela anemia consecutiva a todo o sangue perdido. Fígado congestionado, baço, rins contundidos e congestionados.
Tu viste a coroa arroxeada que estava em torno de meus rins. Os vossos estudiosos, para dar uma prova à vossa incredulidade com respeito àquela prova de meu sofrimento, que é a Síndone [o Santo Sudário], explicam como o sangue, o suor cadavérico e a uréia de um corpo super fatigado puderam, misturando-se aos aromas, produzir aquela natural pintura do meu Corpo extinto e torturado.
Melhor seria crer sem ter necessidade de tantas provas para crer. Melhor seria dizer: "Isto é obra de Deus!" e bendizer a Deus que vos concedeu ter a prova indubitável de minha Crucificação e das precedentes torturas!
Mas porque, agora, não sabeis mais crer com a simplicidade das crianças, mas tendes necessidade de provas científicas – pobre fé a Vossa, que sem o apoio e o aguilhão da ciência não sabe estar firme e caminhar – sabei que as contusões ferozes dos meus rins foram os agentes químicos mais potentes do milagre da Síndone. Os meus rins, quase exauridos pelos flagelos, não puderam mais trabalhar. Como aqueles queimados pelas chamas, foram incapazes de filtrar, e a uréia acumulou-se e se espalhou em meu sangue, em meu corpo, dando os sofrimentos da intoxicação urêmica, e o reagente que transpirando do meu cadáver fixou a imagem sobre a tela. Mas quem é médico entre vós, ou quem entre vós está doente de uremia, pode compreender quais sofrimentos deveriam dar-me as toxinas urêmicas, tão abundantes a ponto de ser capazes de produzir a imagem indelével.
A sede. Que tortura a sede! Porém tu viste. Não houve alguém, entre tantos, que naquelas horas soube dar-me uma gota de água. Desde a Ceia, Eu não tive nenhum conforto. E febre, sol, calor, poeira, sangramentos, davam tanta sede ao vosso Salvador.
Tu viste que rejeitei o vinho com mirra. Não queria adoçar meus ferimentos. Quando alguém se oferta como vítima, é necessário ser vítima sem transações piedosas, sem comprometimentos, sem adoçamentos. É necessário beber o cálice assim como nos é dado. Experimentar o azedo e o fel até o fim. Não o vinho drogado que produz um alívio da dor.
Oh! A sorte de vítima é bem severa! Mas, bem-aventurado quem a elege por sua sorte.
Este é o sofrer de teu Jesus em seu Corpo inocente. E não te falo das torturas do afeto por minha Mãe e pela sua dor. Era necessária aquela dor. Mas para Mim foi uma separação cruel. Só o Pai sabe o que sofreu o seu Verbo no espírito, na moral, no físico! Também a presença da Mãe, se foi a coisa mais desejada de meu coração, que tinha necessidade de ter aquele conforto na solidão infinita que o circundava, infinita, solidão provinda de Deus e dos homens, foi uma tortura.
Ela devia estar lá, anjo de carne para impedir à desesperação de assaltar-me, como o anjo espiritual a havia impedido no Getsêmani; devia estar lá para unir a minha Dor à sua pela vossa Redenção; devia estar lá para receber a investidura de Mãe do gênero humano. Mas vê-la morrer a cada frêmito meu foi a minha grande dor. Nem mesmo a traição, nem o conhecimento que o meu Sacrifício seria inútil para tantos, estas duas dores que poucas horas antes me pareceram tão grandes até o ponto de fazer-me suar sangue, eram incomparáveis com esta.
Mas tu viste como foi grande Maria naquela hora. A separação não a impediu de ser mais forte que Judite. Esta matou. Aquela se fez matar através de sua Criatura. E não imprecou, e não odiou. Rezou, amou, obedeceu. Mãe sempre, até em pensar, no meio daquelas torturas, que o seu Jesus tinha necessidade de seu véu virginal sobre suas carnes inocentes para defesa de seu pudor, Ela soube ser ao mesmo tempo Filha do Pai dos Céus e obedecer à sua tremenda vontade naquela hora. Não imprecou, não se rebelou. Nem a Deus, nem aos homens. Perdoou a estes. Disse "Fiat" Àquele.
Também depois tu a ouviste: "Pai, eu te amo e Tu nos amaste!" Recorda e proclama que Deus a amou e lhe renova o seu ato de amor. Naquela hora! Depois que o Pai a transpassou e tirou sua razão de ser. Ama-o. Não diz: "Não te amo, porque Tu me golpeaste!" Ama-o. E não se aflige pela sua dor. Mas por aquela sofrida pelo Filho. Não grita pelo seu coração despedaçado, mas pelo meu transpassado. Disto pede razão ao Pai, não de sua dor. Pede razão ao Pai em nome de seu Filho.
Ela é bem a Esposa de Deus. Ela é bem aquela que concebeu pela união com Deus. Ela sabe que contato humano não gerou a sua Criatura, mas somente o Fogo aceso pelo Céu, que penetrou em seu seio imaculado e depôs o Germe divino, a Carne do Homem-Deus, do Deus-Homem, do Redentor do mundo. Ela sabe, e como esposa e mãe, pede razão daquela ferida [da lança que traspassa o peito de Jesus]. As outras deveriam ser dadas. Mas esta, quando tudo foi realizado, por quê?
Pobre Mãe! Houve um porque, que a tua dor não te permitiu ler sobre a minha ferida. E foi para que os homens vissem o Coração de Deus. Tu o viste Maria. E não o esquecerás jamais.
Mas, o vês? Maria, não obstante não veja naquele momento as razões sobrenaturais daquela ferida, pensa logo que essa me fez mal e bendisse a Deus. Que aquela ferida faça tanto mal a ela, pobre Mãe, Ela não percebe. Não me fez mal a Mim, e isto basta e serve para bendizer Deus que a imola.
Pede unicamente um pouco de conforto para não morrer. É necessária à Igreja nascente, da qual foi criada Mãe, poucas horas antes. A Igreja, como um recém-nascido, tem necessidade de cuidados e de leite materno. Maria o dará à Igreja, sustentando os apóstolos, falando a estes do Salvador, rezando pela Igreja. Mas como o poderia fazer, se morresse naquela tarde? A Igreja, que tinha poucos dias por permanecer sem seu Chefe, permaneceria órfã totalmente, se também a Mãe partisse. E a sorte dos recém-nascidos órfãos é sempre precária.
Deus não desilude jamais uma justa oração e conforta os seus filhos que esperam nele. Maria prova-o no conforto de Verônica. Ela, a pobre Mãe, estampou nos olhos a efígie do meu Rosto morto. Mas não pode resistir a este olhar. Não é mais o seu Jesus aquele, envelhecido, sofrido, com os olhos fechados que não a observam, com a boca contorcida que não lhe fala e sorri. Mas eis um Rosto que é de Jesus vivo. Doloroso, ferido, mas vivo ainda. Eis o seu olhar que a olha, a sua boca que parece dizer: "Mamãe!" Eis o seu sorriso que a saúda ainda.
Oh! Maria! Procura o teu Jesus em tua dor. Ele virá sempre e te olhará, e te chamará, te sorrirá. Partilharemos a dor, mas estaremos unidos!
João, o pequeno João, partilhou com Maria e com Jesus a dor. Sê como João, sempre. Também nisto. Já te disse: "Não serás grande pela contemplação e pelos ditados. Estes são meus. Mas pelo teu amor. E o amor maior é compartilhar da dor." Isto dá o modo de intuir os mínimos desejos de Deus e de torná-los realidade, apesar dos obstáculos.
Olha com que viva e delicada sensibilidade João se conduz na noite de Quinta-feira até a noite de Sexta-feira. E além disso, mas observemo-lo naquelas horas.
Um momento de desânimo. Uma hora de peso. Mas, superado o sono com o acontecimento da captura e do amor, ele vem, saindo atrás de Pedro, para que o Mestre tenha um conforto vendo o Chefe dos apóstolos e o Predileto entre os apóstolos.
E depois, pensa na Mãe, à qual qualquer cruel poderia capturar. E vai até ela. Ele não sabe que Maria já vive a separação do Filho e que, enquanto os apóstolos dormiam, Ela velava e orava, agonizando com o Filho. Ele não sabia. E vai a Ela e a prepara para a notícia.
E depois faz o caminho entre a casa de Caifás e o Pretório, a casa de Caifás e a casa real de Herodes, e da casa de Caifás ao Pretório. E faz isso aquela manhã, atravessando a multidão embriagada de ódio, com as vestes que o acusam como galileu; isso não é fácil. Mas o amor o sustém e ele não pensa em si, mas nas dores de Jesus e de sua Mãe. Poderia ser lapidado, porque é seguidor do Nazareno. Não importa. Ele desafia tudo. Os outros fugiram, estão escondidos, a prudência e o medo os conduzem. A ele é o amor que conduz, e permanece e se mostra. É um puro. O amor prospera na pureza.
E se a sua piedade e o seu bom senso o induzem a manter Maria longe da multidão e do Pretório – ele não sabe que Maria compartilha todas as torturas do Filho, sofrendo-as espiritualmente – quando julga ser a hora que Jesus tem necessidade da Mãe e que não é lícito manter ainda a Mãe separada do Filho, ele a conduz a Ele, a sustenta, a defende.
O que é aquele punhado de pessoas fiéis: um homem só, inerme, jovem, sem autoridade, como chefe de poucas mulheres, contra toda uma multidão bestializada. Nada. Um monte de folhas que o vento pode dispersar. Uma pequena barca sobre um oceano em tempestade que a pode fazer submergir. Não importa. O amor é a sua força e a sua vela. Ele vai armado pelo amor, e com este protege a Mulher e as mulheres até o fim.
João possuiu o amor de compaixão como nenhum outro no mundo, excetuada minha Mãe. Ele é modelo dos amorosos deste amor. É o teu mestre nisto. Segue-o no exemplo que te dá de pureza e de caridade, e serás grande.
Vai em paz, agora. Te abençôo."
[7 de abril de 1945]
Diz Jesus:
"[...]
E, dado que prevejo as observações de muitos Tomés e de muitos escribas de agora, sobre uma frase deste ditado, que parece em contraste com o gole de água oferecido por Longino... – oh! como os negadores do sobrenatural, os racionalistas da perfeição ao contrário, gozariam em poder encontrar uma fissura no magnífico complexo desta obra da bondade divina e do teu sacrifício, Pequeno João [Jesus, muitas vezes, se dirige a Maria Valtorta dessa forma], para poder, fazendo aumento nesta fissura com o poder do racionalismo, fazer desabar tudo! – para prevenir estes, Eu digo e explico.
Aquele pobre gole de água – uma gota no incêndio da febre e no ardor das veias vazias – tomado por amor de uma alma que estava persuadida de amor para levá-la à Verdade [Longino, o centurião], tomado com suma fadiga no afã agudo que me angustiava a respiração, e obstaculizava a deglutição, tanto estava afligido pelos flagelos atrozes, não deu outra restauração que aquela sobrenatural. Como carne foi um nada, para não dizer um tormento... Rios seriam necessários... e não me foram dados. Nem teria podido aceitá-los por causa da tão forte sufocação. Mas quanta restauração me teriam dado ao Coração, se me fossem oferecidos! Era de amor que Eu morria. De amor não dado. A piedade é amor. E em Israel não houve amor.
Quando contemplais, vós, bons, ou analisais, vós céticos, aquele "gole", dai-lhe um justo nome: "piedade", não bebida. Pode, portanto dizer-se, sem incorrer em mentira, que "da Ceia em diante eu não tive conforto". Em todo o povo que me circundava não houve um que me desse conforto, posto que o vinho drogado não o quis beber. Tive desprezo e escárnios. Tive traições e batidas. Isto tive. Nada mais.
[...]"
(Os grifos são nossos)

Fonte: VALTORTA, Maria. O Evangelho como me foi revelado. Isola del Liri - Itália: Centro Editoriale Valtortiano, 2002, v. 10, p. 180-187.

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