terça-feira, 15 de março de 2011

A tentação no deserto

No primeiro domingo da Quaresma vimos a passagem do Evangelho de São Mateus em que Jesus, depois dos 40 dias de jejum, é tentado no deserto.
Essa passagem também foi revelada a Maria Valtorta (vol. 1, p. 287-292), que, como de hábito, a descreve com ricos detalhes. Jesus, magro e pálido pelos 40 dias de jejum, passa a ser tentado por Satanás, o qual, se apresentando como um beduíno com “[...] olhar [...] como um duplo punhal que te perfura e te queima”, passa a se aproveitar da natural fragilidade decorrente do longo período de abstinência.
Vejamos alguns trechos desse embate – retratado de forma mais sintética pelos evangelistas – reproduzido da obra de Maria Valtorta:
[Satanás]
“Os homens te odiarão pela tua bondade. Eles só entendem se lhes falares de ouro, comida e sentidos. Sacrifício, dor, obediência, são para eles palavras mortas mais do que esta terra, que está ao redor de nós. [...] Não mereces sofrer por eles. Eu os conheço melhor do que Tu.” (p. 288)
“Tu estás desconfiando de mim. Fazes mal. Eu sou a sabedoria da terra. Posso ser teu mestre, para te ensinar a triunfar. Vê: o importante é triunfar. Depois quando nos impusermos e o mundo ficar fascinado, então o levaremos para onde quisermos. Mas antes, é necessário fazer o que agrada a eles. Ser como eles. Seduzi-los, fazendo crer que nós os admiramos e os acompanhamos em seus pensamentos” (p. 289)
“Tu és jovem e belo. Começa pela mulher. É sempre por ela que se deve começar. Eu errei, induzindo a mulher à desobediência. Eu devia tê-la aconselhado de outro modo. Eu teria feito dela um instrumento melhor, e teria vencido a Deus. [...]” (p. 289)
“Além disso, como podes compreender e curar as doenças da sensualidade, se não souber o que elas são? Não sabes que aí é que está o ponto central do qual nasce a planta da cobiça e da prepotência? [...] Se quiseres saber o que é a vida procura a mulher. Só depois, saberás cuidar e curar as doenças da humanidade.” (p. 289-290)
“A mulher é bonita, como sabes! [...] Não há nada mais belo no mundo. [...] Acaba-se a dor, o cansaço, a aflição, quando nos colocamos perto de uma mulher, pois ela, nos nossos braços, é como um feixe de flores.” (p. 290)
“[...] Tu estás com fome [...] Tu, Filho de Deus, só precisas dizer: “Eu quero”, para que se transformem em pães cheirosos [...]” (p. 290)
[Jesus]
“Cala-te! Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que vem da boca de Deus” [...] “O demônio estremece de raiva. Range os dentes e fecha os punhos. Mas ele se contém, e muda o ranger de dentes em um sorriso” (p. 290)
[Satanás]
“Mas, vem, então, e vê o que está acontecendo na Casa de Deus. Vê como até os sacerdotes não se recusam a fazer transações entre o espírito e a carne” (p. 290-291)
“Então, vem. Adora-me. Eu te darei a terra. [...] Com os reinos, terás todas as riquezas , todas as belezas da terra, mulheres, cavalos, forças armadas e templos.” (p. 291)
“Adora-me, ainda que por um só momento! Tira-me esta sede que eu tenho de ser adorado! Foi ela que me perdeu. [...]” “Satanás se põe de joelhos, suplicando” (p. 291)
[A resposta de Jesus]
“Jesus, ao contrário, se levantou. Tendo-se tornado mais magro nestes dias de jejum, parece ainda mais alto. Seu rosto está cheio de severidade e poder. Seus olhos são duas safiras ardentes. Sua voz é como um trovão, que se repercute na cavidade do penhasco, espalhando-se sobre o pedregal e a planície desolada ao dizer: – Vai-te, Satanás. Está escrito: “Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás!”(p. 291-292)
Jesus é servido pelos anjos. “Eu não o vejo comer. Eu diria que Ele se nutre do aroma do Paraíso, saindo revigorado”. Depois parte do deserto. “Já retomou sua expressão habitual, o passo firme. Só resta, como lembrança do seu longo jejum, um aspecto mais ascético no rosto magro e pálido e nos olhos arrebatados, numa alegria que não é desta terra” (p. 292)
            E agora vem a grande lição. Jesus fala da astúcia de Satanás para seduzir as almas: começando pela matéria, pela sensualidade, para depois destruir o espírito, o temor de Deus:
Os dois caminhos mais comuns, tomados por Satanás para chegar às almas, são a sensualidade e a gula. Ele começa sempre pela matéria. Desmantelada e dominada esta, aí ele ataca a parte superior. Primeiro o moral: o pensamento com suas soberbas e cobiças; depois, o espírito, tirando dele não só o amor divino por outros amores humanos – mas também o temor de Deus. É então que o homem se abandona de corpo e alma a Satanás, contanto que chegue a gozar do que quer, e a gozar sempre mais(p. 293)
            Contra as tentações, Jesus prescreve o seguinte remédio: Silêncio e oração. Silêncio. Porque, se Satanás faz seu trabalho de sedutor e vem ao redor de nós, é preciso suportá-lo sem tolas impaciências e temores inúteis. Mas reagir com altivez à sua presença e com oração à sua sedução.” (p. 293)
“É inútil discutir com Satanás. Ele venceria, porque é forte em sua dialética. Só Deus o vence. Por isso é preciso recorrer a Deus, que fale por nós, através de nós. Mostrar a Satanás aquele nome e aquele sinal, não tanto escritos em papel ou gravados em madeira, quanto escritos e gravados no coração. O meu Nome, o meu Sinal. Rebater a Satanás, somente quando insinua que ele é como Deus, usando a palavra de Deus. Ele não suporta esta palavra.” (p. 293)
“Depois, passada a luta, vem a vitória, e os anjos servem e defendem o vencedor do ódio de Satanás. Eles o restauram com o orvalho celeste, com a graça que tornam a derramar às mãos cheias no coração do filho fiel, com a benção que acaricia o espírito.” (p. 293)
É preciso ter a vontade de vencer Satanás e fé em Deus e em sua ajuda. Fé no poder da oração e na bondade do Senhor. Então, Satanás não pode fazer nenhum mal(p. 293)
O valor da pureza é tal que, como viste, Satanás se preocupa, em primeiro lugar, em convencer-me a que me entregue à impureza. Ele sabe bem que a culpa da sensualidade desmantela a alma e a torna presa fácil das outras culpas. Todo trabalho de Satanás se concentrou neste ponto capital para me vencer.” (p. 296)
“O pão, a fome, são as formas materiais que simbolizam o apetite, os apetites de que Satanás procura tirar proveito para os seus fins. Bem outro era o alimento que ele me oferecia, para fazer-me cair como um bêbado aos seus pés! Depois teria vindo a gula, o dinheiro, o poder, a idolatria, a blasfêmia, a abjuração de Lei divina. Mas o primeiro passo para conquistar-me era esse. O mesmo que usou para ferir Adão”. (p. 296)
(os grifos são meus)
           
Fiquem com Deus.

Referência completa dos trechos acima transcritos :
VALTORTA, Maria. O Evangelho como me foi revelado. Isola del Liri - Itália: Centro Editoriale Valtortiano, 2002, v. 1, p. 287-296

3 comentários:

  1. querido Francisco José Barroso Rios,
    parabéns para estes trabalhos de divulgação!
    Talvez seja a mesma fonte proposta-me de Fortaleza/Cearà, por Gabriel Paulino.
    Gostaria manter contato masi próximo...

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  2. Olá, onde encontro essa coletânea para comprar aqui no Brasil? Obrigada.

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  3. Prezada, adquiri os volumes da coleção "O Evangelho como me foi revelado" junto ao Pe. Oscar Piloni, no endereço abaixo:
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    Em janeiro de 2007 cada volume custava R$ 38,00. Eles vendem exemplares avulsos.
    Deus te guie,
    Francisco José

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