sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A mensagem da Divina Misericórdia

A mensagem da Divina Misericórdia

Não existe culpa tão grande que não possa ser lavada, primeiro pelo arrependimento, depois pela Graça, e finalmente pelo Salvador. Não há pecador tão grande, que não possa levantar o rosto abatido e sorrir, diante de uma esperança de redenção. Basta que ele renuncie completamente à culpa, seja heróico em resistir à tentação, e sincero na vontade de renascer.(VALTORTA, Maria. O Evangelho como me foi revelado. Isola del Liri - Itália: Centro Editoriale Valtortiano, 2002, v. 2, p. 109.)

Segue, abaixo, excelente texto divulgado pelo Apostolado da Divina Misericórdia da Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição  (www.misericordia.org.br), em Curitiba, que abrange não apenas a mensagem da Divina Misericórdia revelada a Santa Faustina, mas, também, importantes questões de cunho teológico relacionadas a citada devoção.

A devoção à Divina Misericórdia, nas próprias palavras de Jesus a Santa Faustina [...] é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça (D. 848). Por intermédio de Santa Faustina, Jesus nos revela ser esta “[...] a última tábua da salvação, isto é, o refúgio na Minha misericórdia (D. 998; cf. 1228).

A Mensagem da Divina Misericórdia está em perfeita sintonia com as aparições marianas, especialmente as que ocorreram no Século XX, alertando-nos para a aproximação do final dos tempos, para necessidade de conversão... Por isso é que Nossa Senhora nos exorta a confiarmos na Divina Misericórdia:

Oferecei-vos também vós como vítimas ao Amor Misericordioso de Jesus, para que, através de vós, se possa derramar em breve sobre o mundo o grande prodígio da Divina Misericórdia” (Nossa Senhora ao Pe. Gobbi, em 1o/10/1997 - Aos Sacerdotes, filhos prediletos de Nossa Senhora. Ed. Loyola. 24. ed. p. 1131)

O sítio da Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição  (www.misericordia.org.br) é bastante rico. Merece ser consultado. Aqui colocamos apenas o essencial sobre a mensagem da Divina Misericórdia, com alguns destaques nossos (que se misturam com os do original). Omitimos apenas pequenas partes dos textos originais extraídos da página em tela.

Fiquem com Deus,

Francisco José

____________________________________________________
 

Devoção à Divina Misericórdia - Origem

Entre os anos de 1931 a 1938 o próprio Jesus quis se revelar a uma humilde religiosa polonesa, Santa Faustina Kowalska, recordando-lhe – através de visões e alocuções – a centralidade do mistério do amor misericordioso de Deus para com o mundo e a humanidade, especialmente os pecadores, sofredores e agonizantes. Sublinhou também qual deve ser a resposta de cada ser humano a tão grande generosidade, a qual inclui algumas novas formas de culto e devoção.

Em linhas gerais podemos afirmar que toda a história da salvação está marcada pela revelação de um Deus que não pactua com o mal (o pecado, a soberba, a mentira, o ódio etc.), mas que vence o mal pelo bem, ou seja, com seu amor misericordioso para com o pecador. Assim, por exemplo: Êx 34,4-7 – Moisés descobre que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó é clemente e misericordioso; Sl 136 – o povo de Deus canta sem cessar a misericórdia do Senhor; Os 11,8 – os profetas recordam que o coração paterno de Deus se “contorce” pelos seus filhos; Eclo 18,13 – a verdadeira sabedoria nos faz descobrir que a misericórdia divina envolve todos os seres humanos.

Na plenitude dos tempos o Filho de Deus assume a natureza humana para nos salvar e santificar, manifestando de modo pleno e definitivo – pela sua vida e palavra – a Divina Misericórdia. Tudo isso estimula S. Paulo a ler toda a ação divina em nosso favor à luz da sua misericórdia (Tt 3,4-7). A tradição cristã posterior (Sto. Agostinho, Sto. Tomás de Aquino, Sta. Catarina de Sena, Sta. Terezinha do Menino Jesus etc.) constantemente haveria de atestar que a misericórdia é a manifestação mais excelente do amor divino, revelando de modo extraordinário o seu poder (cf. Sto. Tomás, Ad Eph. 2,4, lect. 2, nn. 85s).

Em nossos tempos se fazia necessário recordar ao mundo esta maravilhosa verdade. Catástrofes, conflitos, carestias têm deixado em nosso planeta um rastro terrível, quase sempre indelével. As aparições de Nosso Senhor a Santa Faustina ocorrem exatamente no momento em que se agravava a crise política, econômica, social e militar em diversas partes do mundo – haja vista que a queda da bolsa de valores de Nova Iorque se dera em 1929 (gerando uma queda vertiginosa no produto mundial), e que exatamente na década de 30 se deu a ascensão de Hitler ao poder alemão (1933) e o início da II Guerra Mundial em 1939 (menos de 1 ano após a morte de Santa Faustina).

A leitura das mensagens de Jesus a Santa Faustina registradas em seu Diário – e também em suas cartas – nos revelam uma certa inquietação da parte de Jesus. O culto e o apostolado da divina misericórdia querem, de algum modo, preparar a humanidade para o encontro definitivo com Cristo, e por isso Ele próprio afirma que está prolongando em nosso favor o “tempo da Misericórdia (D. 1160). Noutra ocasião declara: “Antes de vir como justo Juiz, abro de par em par as portas da Minha misericórdia” (D. 1146; cf. 1728). Mais enfáticas são as seguintes declarações: “Minha filha, fala ao mundo da Minha misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça (D. 848); “Estou dando à Humanidade a última tábua da salvação, isto é, o refúgio na Minha misericórdia (D. 998; cf. 1228).

Entre os novos elementos de devoção e apostolado propostos por S. Faustina, a Festa e o Terço são vistos explicitamente como “última tábua de salvação” para a humanidade pecadora (D 965; 687), bem como uma nova comunidade religiosa feminina, cujas consagradas “prepararão o mundo para a última vinda de Cristo” (D 1155). Uma das descrições contidas no Diário faz eco ao sinal prometido por Jesus em Lc 22,30, que para muitos Padres da Igreja se refere à sua santa cruz:

“Escreve isto: Antes de vir como justo Juiz, venho como Rei da Misericórdia. Antes de vir o dia da justiça, nos céus será dado aos homens este sinal: Apagar-se-á toda a luz no céu e haverá uma grande escuridão sobre a Terra. Então aparecerá o sinal da Cruz no céu, e dos orifícios, onde foram pregadas as mãos e os pés do Salvador sairão grandes luzes, que, por algum tempo, iluminarão a Terra. Isto acontecerá pouco antes do último dia(D. 83).

O tom profético-apocalíptico se encontra presente em diversas páginas dos escritos da santa polonesa, por vezes de modo surpreendente: “Prepararás o mundo para a Minha última Vinda(D. 429); “Vossa vida deve ser semelhante à Minha: – é Maria Ssma. quem lhe fala – silenciosa e oculta, continuamente unida a Deus, em súplica pela humanidade e a preparar o mundo para a segunda vinda de Deus (D. 625; cf. 635). O Diário alude também a um personagem misterioso que haveria de provir também das terras polonesas, tornando-se um farol para a humanidade:Amo a Polônia de maneira especial e, se ela for obediente à Minha vontade, Eu a elevarei em poder e santidade. Dela sairá a centelha que preparará o mundo para a Minha Vinda derradeira” (D. 1732). Muitos consideram o Papa João Paulo II, grande promotor da mensagem da divina misericórdia, como aquele que cumpriu esta profecia.

Como Arcebispo de Cracóvia, o futuro papa introduziu a causa de canonização da Irmã Faustina. Com coragem a defendeu quando sua ortodoxia foi questionada, em grande parte devido à má tradução em italiano do seu Diário. Estimulou outrossim o Pe. Ignacy Rosycki, teólogo polonês, a preparar um estudo definitivo sobre os escritos e as virtudes heróicas da religiosa polonesa, que foi decisivo para que a Igreja a reconhecesse oficialmente como santa.

Como Papa, escreveu três importantes encíclicas que formam uma espécie de tríptico: O Redentor do homem – na qual destaca Jesus Cristo como o centro da história e do universo; Rico em misericórdia – o Filho de Deus feito homem nos revela definitivamente a misericórdia do Pai, única esperança de paz para o mundo; Senhor e doador da vida – o Espírito Santo é o único capaz de nos libertar do ateísmo prático (cf. Kosicki, George W., John Paul II: the Great Mercy Pope, Marian Press, Stockbridge-MA, 2001, p.22). Não há nada que o ser humano necessite mais do que a Divina Misericórdia”, afirmou João Paulo II no Santuário da Divina Misericórdia em Lagiewniki, perto de Cracóvia, onde estão as relíquias de Santa Faustina (7/06/1997).

Este caráter de urgência que acompanha a mensagem da divina misericórdia foi expresso pelo Papa João Paulo II em outras ocasiões; assim, por exemplo, na Homilia durante a Missa da Beatificação da Irmã Faustina, no dia 18/04/1993, cujo n. 6 vale a pena reproduzir:

“O Faustyna, (...) Cristo te escolheu para recordar às pessoas o grande mistério da divina misericórdia. (...) este mistério se tornou verdadeiramente um grito profético dirigido ao mundo e à Europa. A tua mensagem da divina misericórdia nasceu praticamente quase na vigília do assustador cataclisma da segunda guerra mundial. (...) “Sinto claramente que a minha missão não termina com a morte, mas inicia...”, escreveu Irmã Faustina no seu Diário. E assim verdadeiramente aconteceu! A sua missão continua e está trazendo frutos surpreendentes. É verdadeiramente maravilhoso o modo pelo qual a sua devoção a Jesus Misericordioso avança no mundo contemporâneo e conquista tantos corações humanos! Isto é sem dúvida um sinal dos tempos – um sinal do nosso século XX. Um balanço deste século que declina apresenta, além das conquistas, que muitas vezes superaram aquelas das épocas precedentes, também uma profunda inquietação e medo a respeito do porvir. Onde, portanto, se não na divina misericórdia, o mundo pode encontrar o refúgio e a luz da esperança?”

Que a mensagem da divina misericórdia nos estimule a viver em constante, serena e ativa vigilância, esperando o grande dia do nosso encontro definitivo com Nosso Senhor! Com Santa Faustina, possamos sempre rezar: “...aguardemos com confiança, como Vossos filhos, a Vossa vinda última, dia que somente Vós conheceis” (D 1570).


_________________________________________________________


Elementos de Devoção à Divina Misericórdia

Devoção – Conceito e Amplitude

Ao longo dos séculos, o Espírito Santo tem suscitado na vida da Igreja diversos modos de responder à vocação comum da santidade (cf. LG 40). Diversas vezes, homens e mulheres inspirados pelo Senhor se tornaram autênticos modelos de vida, e puseram em destaque um ou outro aspecto da vida e verdade cristãs, dando início a diversas escolas de espiritualidade (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 2683ss). Em outras ocasiões, o povo de Deus de uma determinada região se sentiu impelido a expressar a sua fé através de gestos, palavras e símbolos que, com o passar do tempo, se tornaram uma marca registrada de sua história religiosa, alimentando o seu amor a Deus e aos irmãos. Isto sem falar no fato de que a Sagrada Liturgia, cujo centro é a Celebração Eucarística, desde os primórdios do cristianismo também foi assumindo contornos particulares nesta ou naquela região do mundo (rito bizantino, sírio, ambrosiano etc.), mantendo um núcleo comum, mas com elementos rituais bem diversificados.

Liturgia, espiritualidade e piedade popular pretendem ser, na vida da Igreja, expressão de uma mesma fé, esperança e caridade, e, ao mesmo tempo, fomentá-las no coração das pessoas, dos grupos, das comunidades, na diversidade de formas autenticadas posteriormente pela autoridade da Igreja. Como dons do Espírito, não devem estar em conflito, mas confluir para a edificação do Corpo de Cristo, para a encarnação do Reino de Deus no “aqui e agora” (hic et nunc) da história. Abusos e desvios hão de ser discernidos e corrigidos, na certeza de que pelos frutos se conhece a árvore, e igualmente na certeza de que o Senhor deseja dos batizados muito fruto, e frutos que permaneçam.

Neste contexto é preciso resgatar o exato valor das devoções, que deverão sempre estar em processo de purificação e renovação, como de resto toda a vida eclesial, sujeita às vicissitudes dos tempos e às fraquezas humanas. O recente Diretório sobre piedade popular e liturgiaPrincípios e orientações, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (17/11/2001), sublinhou o “primado da liturgia” na vida cristã (n. 11), que se insere no âmbito daquilo que é “necessário” para nossa santificação. Ao mesmo tempo, porém, observa (nn. 7-10) que na vida eclesial há espaço para os “pios exercícios” (expressões públicas ou privadas de piedade cristã calcadas no espírito e na estrutura da Liturgia), para a “piedade popular” (manifestações cultuais derivadas da índole de um povo que tem fé), bem como para as “devoções”. Como entender o conceito de “devoção”? O Diretório assim se expressa:

“No nosso âmbito, o termo vem usado para designar as diversas práticas exteriores (por exemplo: textos de oração e canto; observância de tempos e visita a lugares particulares, insígnias, medalhas, hábitos e costumes), que, animadas por uma atitude interior de fé, manifestam um acento particular da relação do fiel com as Pessoas Divinas, ou com a Beata Virgem (...), ou com os Santos (...)” (n. 8 – destaques nossos). O documento faz referência a outros textos: Concílio de Trento (DS 1821-1825); Pio XII, Encíclica Mediator Dei; SC 104; LG 50.

Vê-se que a Igreja admite a possibilidade de expressões devocionais dirigidas ao Senhor Deus (Pai, Filho e Espírito), focalizando um aspecto particular do Seu inesgotável mistério (ad intra e ad extra); assim, p. ex., temos a devoção ao Pai eterno, à Divina Providência, ao Sangue de Cristo, ao Senhor Bom Jesus, ao “Divino” (Espírito) etc. Se autênticas, brotam de um coração filial e eclesial, uma alma repleta de amor e gratidão, na simplicidade de quem confia não na força de suas palavras, ou na sofisticação das expressões, mas na graça divina. É por isso que o citado Diretório admite que haja uma “devoção à divina misericórdia” (n. 154), que, como outras devoções, deve caminhar estreitamente unida às celebrações litúrgicas da Igreja, sobretudo a Páscoa do Senhor – e que há de nos conduzir a uma profunda atitude de adoração, louvor e ação de graças, súplica e reparação ao Deus Uno e Trino, rico em misericórdia, particularmente ao Coração Divino-Humano do Verbo Encarnado, fonte inesgotável da misericórdia, e a um empenho efetivo em prol dos irmãos e irmãs, particularmente os sofredores, pecadores e agonizantes, através de obras de misericórdia.

Entre os anos 1931-1938 o Senhor se dignou revelar a Santa Faustina algumas novas formas devocionais que pretendem auxiliar o cristão a se aproximar mais e mais do mistério da Divina Misericórdia – o terço, a novena, a hora, a imagem da Divina Misericórdia (esta, uma vez abençoada, torna-se um sacramental), e uma nova celebração litúrgica, a Festa da Divina Misericórdia (aprovada no ano 2000 e enriquecida com especiais indulgências). Podemos falar de “devoção” em relação ao mistério da Divina Misericórdia – que nasce do “culto” e frutifica no “apostolado”. A vida dos santos fala por si mesma – é uma teologia encarnada. Ora, Santa Faustina alimentava a sua vida cristã sobretudo da Sagrada Liturgia (vivia intensamente cada celebração do Ano Litúrgico), mas o Espírito não deixava de suscitar nela as mais variadas expressões devocionais relacionadas a Deus e aos Santos (ao Sagrado Coração de Jesus, à Paixão de Cristo, à sua Morte, a Maria, S. José, S. Miguel Arcanjo, S. Teresinha do Menino Jesus, as “Quarenta Horas” de Adoração – cf. Diário, nn. 40; 93; 150; 667; 914; 948; 1029; 1203; 1388; 1641; 1704; 1774), e de um modo especial ao mistério da Divina Misericórdia.

À guisa de conclusão: “devoção”, em seu genuíno sentido, nada tem que ver como “devocionalismo” vazio, supersticioso, desequilibrado, intimista, sectário. Há expressões exteriores de piedade que pretendem ser uma manifestação das virtudes da fé, esperança e caridade, ao mesmo tempo em que as confirmam e fortalecem. Redento M. Valabek, carmelita, ainda faz notar outra dimensão da autêntica “devoção” cristã: ela pretende indicar “o obséquio e o empenho devido em primeiro lugar a Deus”, ou seja, é uma “atitude habitual/permanente em uma pessoa que, com fervor, prontidão e constância, oferece a Deus o seu serviço expresso em várias formas”, chegando em algumas circunstâncias ao “sacrifício da própria vida (Dizionario di Mistica, Libr. Editr. Vaticana, 1998, p. 408). Santo Tomás de Aquino, Doutor da Igreja, sublinha que um ato de devoção inclui particularmente a pronta oferta da própria vontade a Deus (cf. S. Th. II-II, q. 82).

Oxalá se multiplique, aqui na terra, o número de devotos da Divina Misericórdia, que, no céu, é a delícia e êxtase dos santos!


Formas de Devoção

Nosso Senhor não apenas ensinou a Irmã Faustina os pontos fundamentais da confiança e da misericórdia para com os outros, mas também revelou maneiras especiais para vivenciar a resposta à Sua misericórdia. São elas:

Imagem da Misericórdia Divina,

Terço da Misericórdia,

Festa da Misericórdia,

Novena,

Oração das 3 horas da tarde - A Hora da Sua morte.

            Esses meios especiais são um acréscimo aos Sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação que foram dados à Igreja.
 
Imagem da Misericórdia Divina

A obra do Senhor é perfeita, ensina a Escritura (Dt 32,4). É o que atestamos ao longo de toda a história da salvação – criação, revelação, encarnação, salvação etc. Isto também se manifesta naquilo que o próprio Jesus se dignou confiar à Santa Faustina Kowalska (+1938). Os 5 elementos distintivos da espiritualidade da Divina Misericórdia – que emergem a partir de sua história de fé – tocam de algum modo as mais diversas dimensões da vida humana e conseqüentemente também da nossa fé católica: liturgia (Festa) e piedade (Terço), tempo (Novena, Hora) e espaço (Imagem).

 A veneração de um quadro representando Nosso Senhor com os traços da visão com que Faustina foi agraciada aos 22/02/1931 em Plock, na Polônia, é vontade expressa do Senhor, inaugurando a série de 83 revelações especiais a respeito da divina misericórdia, segundo a classificação do estudioso Pe. Ignacy Rózycki em 1980 (Il Culto della Divina Misericordia, Libreria Editrice Vaticana, 2002, p. 127): 

“Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós. Desejo que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro” (D 47).

 Sem sombra de dúvidas, este pedido de Jesus marcou de maneira indelével a vida espiritual da religiosa polonesa. São inúmeras e significativas as referências que encontramos em seu Diário sobre a imagem de Jesus Misericordioso, como passaria a ser chamada pela própria santa (cf. D 711; 853).

Dentre todas as cinco formas específicas de culto à divina misericórdia ensinadas por S. Faustina a Festa e a Imagem são particularmente enfatizadas e associadas: “Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja benzida solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (D 49). A relação entre a Imagem e a Festa é bem sublinhada ao longo do Diário (cf. também D 88; 341). No n. 742 se lê: “...estou exigindo o culto à Minha misericórdia pela solene celebração desta Festa e pela veneração da Imagem que foi pintada”.

Não foi fácil cumprir a vontade de Jesus. Houve muita oposição e incredulidade, inclusive de suas coirmãs de comunidade. Em sua humildade, S. Faustina pensou em deixar tudo de lado. Mas Jesus não deixou de insistir, por vezes de um modo taxativo:

Fica sabendo que, se descuidares a pintura da Imagem e toda a Obra da Misericórdia, terás que responder por um grande número de almas no dia do Juízo” (D 154); “Desejo que a Imagem seja venerada publicamente” (D 414).

Aos poucos as dificuldades vão sendo superadas. A “força” da graça divina (D 74) não deixa de impelir Faustina a fim de que seja pintada a imagem. O tempo é o melhor aliado para se discernir a autenticidade de uma inspiração ou moção (serão necessários 6 anos de espera – 1931 a 1937 – até que a Igreja aceite oficialmente a imagem!). O próprio Senhor vai confirmando a sua vontade através de dezenas de sinais concedidos à Santa Faustina (cf. D 87; 177; 316; 336; 344; 414; 420; 437; 441; 473; 500; 560s; 613; 645; 648; 657; 851; 853; 916s; 1046s; 1300; 1565; 1689), às suas Superioras (D 51), particularmente através da Madre Irena Krzyzanowska (D 1301), bem como aos seus confessores, Frei Andrasz e Padre Sopocko, que estão mais em sintonia com a vontade divina:

“Certa vez, cansada dessas diversas dificuldades que tinha por causa de Jesus falar-me e exigir a pintura da Imagem, decidi firmemente, antes dos votos perpétuos, pedir a Frei Andrasz que me dispensasse daquelas inspirações interiores e da obrigação de pintar a Imagem. Depois de me ouvir em confissão, Frei Andrasz deu-me esta resposta: ‘Não dispenso a Irmã de nada e a Irmã não pode esquivar-se dessas inspirações interiores, mas a Irmã deve, necessariamente, relatar tudo ao confessor, sem falta, porque de outra forma a Irmã incorrerá em erro apesar dessas grandes graças de Deus. Neste momento, a Irmã está se confessando comigo, mas saiba que devia ter um confessor permanente, isto é, um diretor espiritual.’” (D 52; cf. 53; 421)

Diz ao teu confessor que aquela Imagem deve ser exposta na igreja, e não dentro da clausura desse Convento. Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela” (D 570).

Santa Faustina se esforçou por cumprir essa recomendação, mas, não conhecendo a técnica da pintura, não tinha condições de realizá-la sozinha. No entanto, não abandonou a idéia de pintar a imagem. Passo a passo o Senhor foi colocando em sua estrada pessoas que lhe podiam auxiliar nesta tarefa – e ao mesmo tempo cobrando delas o empenho! (D 354). Quando, em 1933, Santa Faustina veio para Vilna, o seu confessor principal, o Bem-aventurado Padre Prof. Miguel Sopocko, dirigiu-se ao artista e pintor Eugeniusz Kazimierowski com a proposta de pintar a Imagem de acordo com as indicações de Santa Faustina. A Santa e o pintor se encontram pela 1ª vez a 2/01/1934.

Em junho o trabalho artístico foi concluído e deixado no corredor do convento das Irmãs Beneditinas junto à igreja de São Miguel em Vilna, onde o Padre Sopocko era então reitor. A Irmã Faustina chora por achar que Jesus Cristo não estava tão belo como ela O tinha visto em sua visão (cf. D 313). Mas sobre isso, o próprio Jesus deixa bem claro o valor instrumental da imagem: “O valor da Imagem não está na beleza da tinta nem na habilidade do pintor, mas na Minha graça” (D 313).

Assim sendo, não incorremos no risco de idolatrar um objeto material, agindo de uma maneira supersticiosa ou mágica (i.e., atribuir um poder que não existe a uma determinada coisa ou prática). Neste contexto se insere um outro ensinamento assaz precioso do Diário, tendo em vista uma sadia estética teológico-espiritual. Somos convidados a venerar a imagem artística do Senhor, mas sobretudo a cuidar das imagens vivas do Senhor que somos nós! Com efeito, todo o universo é de algum modo um reflexo (“fraca imagem”) do Criador (D 1691), mas nada se compara ao homem e à mulher: “Amo a todos os homens, porque vejo neles, a Imagem Divina” (D 373; cf. 550). Por isso não apenas as obras de arte hão de servir para tornar visível a misericórdia divina, mas cada ser humano que acolhe e vive a sua mensagem.

Certa vez S. Faustina estabeleceu como um dos seus propósitos o seguinte: “Em cada Irmã ver a imagem de Deus, de onde deve decorrer todo o amor ao próximo” (D 861,II; cf. 1522). De um modo especial se destacam aqueles e aquelas que veneram e glorificam a Divina Misericórdia: “Elas são a imagem viva do Meu Coração compassivo” (D 1225). Além disso, Jesus se revela através de nós quando praticamos a misericórdia: “...deves ser a Minha imagem viva pelo amor e pela caridade” (D 1446; cf. 1447). É com este espírito que S. Faustina pede: “Meu Jesus, penetrai-me toda, a fim de que possa ser Vossa imagem durante toda a minha vida” (D 1242); “...que se reflita em meu coração a Vossa Imagem divina, na medida, em que ela pode refletir-se numa criatura” (D 1336).

Qual o significado da imagem?

Em 1934, numa das revelações em Vilna, o próprio Senhor explica-lhe alguns detalhes: Os dois raios representam o Sangue e a Água: o raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. Ambos os raios jorraram das entranhas da Minha misericórdia, quando na Cruz, o Meu Coração agonizante foi aberto pela lança(D 299a). Mais adiante, chama-nos a atenção para um detalhe muito significativo: O Meu olhar, nesta Imagem, é o mesmo que eu tinha na cruz(D 326). Fica bem patente, portanto, que nesta representação artística encontramos de um modo emblemático o Cristo Pascal, o Crucificado-Ressuscitado – ou seja, Jesus que traz tanto os sinais do sofrimento como os sinais da glorificação. Com sua Páscoa inaugura-se um novo tempo para a humanidade, no qual mais e mais os seus “inimigos” são vencidos – o demônio, o pecado, a morte. Ele continua a sua missão terrena, e por isso a imagem o representa caminhando (vindo ao nosso encontro) como “amigo” a nos abençoar (mão direita) e a nos apresentar o “trono da graça” (mão esquerda). A cor branca da veste de Cristo simboliza a pureza e a glória celestes, cujos seres – tanto no Antigo como no Novo Testamento – aparecem sempre envoltos em brilho e brancura (cf. Lc 24,4; At 10,30); na transfiguração foi assim que Jesus se manifestou aos Apóstolos escolhidos (Mc 9,3; cf. Ap 1,13s) – e é assim que Ele quer que todos os batizados estejam por ocasião de sua vinda (Ap 3,4s; 7,9-14; 19,1-14). Por sua vez, a inscrição: Jesus, eu confio em Vós” faz parte da imagem, o que Jesus recorda expressamente à Santa Faustina (D 327). A liturgia do 2º domingo da Páscoa (Domingo da Divina Misericórdia) nos apresenta o relato de Jo 20,19-31, no qual o Senhor Ressuscitado apresenta aos Apóstolos “as mãos e o lado” (vv. 20.27), convidando a Tomé – e a todos – à confiança: “não sejas incrédulo, mas crê!” (v. 27).

Sem sombra de dúvida, a imagem de Jesus Misericordioso é uma das mais belas representações da arte cristã do Senhor Ressuscitado, que, apesar das portas fechadas, se apresenta no meio dos seus – ontem, hoje e sempre! – e diz: “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! (Lc 24,39). Do ponto de vista teológico, não apenas a cruz revela a glória da misericórdia divina, mas também o sepulcro vazio: “Jesus ressuscitado afirma a resposta misericordiosa de Deus [Pai] ao este [seu] amor de auto-doação (Comissão Teológica Internacional, Teologia da Redenção, p. II, n. 13; cf. 1Pd 1,3). Particularmente os sinais da paixão que o Ressuscitado apresenta – nos Evangelhos e na imagem divulgada a partir de S. Faustina – são uma das mais maravilhosas marcas da insondável misericórdia divina em nosso favor, como assevera São Beda o Venerável: “...para fazer os fiéis redimidos compreender com quanta misericórdia foram socorridos” (in Sto. Tomás, Suma Teológica).

Nesse sentido, o seguinte trecho da revelação feita por Jesus a Maria Valtorta, quando Ele, ressuscitado, se apresenta aos apóstolos:

Elas são a Salvação do mundo. Nelas está a Salvação. Foi o mundo cheio de ódio que as abriu, mas o Amor as transformou em remédio e luz. Por meio delas a culpa foi pregada. Por elas ficaram suspensos todos os pecados dos homens, porque o Fogo do Amor as consumiu sobre o altar. [...] Eu queimei o perfume da minha caridade por Deus e pelo próximo, e carreguei o peso de todas as iniqüidades do mundo. E o mundo deve lembrar-se disso. Para lembrar-se de quanto isso custou a Deus. Para lembrar-se de quanto Deus o amou. Para lembrar-se de e quais são as conseqüências das culpas. Para lembrar-se de que não há outra coisa, a não ser a salvação em Um: daquele que ele traspassaram, vendo o mundo avermelharem-se as minhas Chagas, em verdade logo se esqueceria de que Eu estou verdadeiramente morto, com o mais cruel dos tormentos, se esqueceria de qual é o bálsamo para as feridas. Aqui está o bálsamo. Vinde e beijai-o. Cada beijo é um aumento de purificação e de graça para vós. [...] Eu sou o Céu. Todo o Céu está em Mim, e os tesouros celestes fluem pelas chagas abertas”. (Valtorma, ob. cit., v. 10, p. 289-290)

No Diário de Santa Faustina descobrimos algumas PROMESSAS que o Senhor explicitamente associa à veneração de sua imagem que poderíamos também designar como ícone da divina misericórdia, as quais podem ser assim agrupadas:

 1ª) O Senhor quer manifestar a sua glória e a sua graça através deste símbolo religioso: “Darei a conhecer aos Superiores, por meio das graças que concederei através dessa Imagem” (D 51); “Ofereço aos homens um vaso, com o qual devem vir buscar graças na fonte da misericórdia. O vaso é a Imagem com a inscrição: ‘Jesus, eu confio em Vós.’” (D 327); “Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela (D 570; cf. 742). Por isso S. Faustina pôde escrever: “Hoje vi a glória de Deus que desce da Imagem” (D 1789).

2ª) Por ela o Senhor quer atrair ao seu convívio quem está dEle afastado ou está com a fé esmorecida: “Já há muitas almas atraídas ao Meu amor através da Imagem” (D 1379).

3ª) O Senhor deseja nos fazer participar de sua vitória sobre o mal, especialmente na decisiva hora da morte: Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte(D 48).

4ª) A imagem se torna uma espécie de “escudo” contra a justa ira de Deus em virtude dos pecados que cometemos, estimulando-nos assim a uma constante conversão: “Estes raios defendem as almas da ira do Meu Pai. Feliz aquele que viver à sua sombra, porque não será atingido pelo braço da justiça de Deus” (D 299).

Aprovada pela Igreja e abençoada pelo presbítero, a imagem se torna para a comunidade e cada fiel um sacramental, ou seja, um sinal sagrado por meio do qual a Igreja pede a Deus os Seus benefícios, sobretudo espirituais; ao mesmo tempo, o sacramental não está encerrado em si mesmo, mas quer auxiliar as pessoas “a receber o efeito principal dos sacramentos” (SC 60; Catecismo, 1667); deste modo, como não contemplar na imagem de Jesus Misericordioso um convite a viver radicalmente o nosso Batismo e Crisma (manter a nossa “veste” sempre íntegra e alva!), cada qual segundo o seu próprio estado de vida, aproximando-se com freqüência da Eucaristia e da Confissão (também simbolizados pelo sangue e água, segundo os Santos Padres), bem como da sagrada Unção. É bom lembrar também que pelos sacramentais o Senhor deseja santificar “as diversas circunstâncias da vida” (idem).

Não deixe de adquirir o seu quadro ou estampa de Jesus Misericordioso, e trazê-lo consigo em sua carteira, sua Bíblia e assim por diante! Que nós possamos sempre orar ao Senhor como S. Faustina: “Ó Coração Santíssimo, fonte de misericórdia, do qual brotam raios de graças incompreensíveis para todo o gênero humano, suplico-Vos luz para os pobres pecadores” (D 72).


Terço à Divina Misericórdia

Entre as diversas formas de culto à divina misericórdia, a Festa e o Terço da Divina Misericórdia ocupam uma posição de destaque. Em 14 revelações especiais Jesus oferece à Santa Faustina esta nova forma de piedade, que hoje se encontra disseminada por todo o mundo. Assim como na vida da Igreja a Liturgia e a piedade intimamente se associam, na espiritualidade da divina misericórdia proposta por Santa Faustina se dá igualmente o encontro destas duas dimensões, particularmente através da Festa e do Terço.
Nosso Senhor ditou este novo terço à jovem Irmã Faustina – então com 30 anos – em Vilna (Lituânia), entre os dias 13-14 de setembro de 1935 (Festa da Exaltação da Santa Cruz), como uma oração de intercessão e reparação pelos pecados cometidos por toda a humanidade (cf. Diário, nn. 474-476).

"No dia seguinte, na sexta-feira 13.09.[1935] à noite, quando me encontrava na minha cela, vi o Anjo executor da ira de Deus. Estava vestido de branco, o rosto radiante e uma nuvem a seus pés. Da nuvem saíam trovões e relâmpagos para as suas mãos e delas só então atingiam a Terra. Quando vi esse sinal da ira de Deus, que deveria atingir a Terra, e especialmente um determinado lugar que não posso mencionar por motivos bem compreensíveis, comecei a pedir ao Anjo que se detivesse por alguns momentos, pois o mundo faria penitência. Mas o meu pedido de nada valeu perante a ira de Deus. E foi nesse instante que vi a Santíssima Trindade. A grandeza da Sua majestade transpassou-me profundamente e eu não ousava repetir a minha súplica. Porém, nesse mesmo momento senti em mim a força da graça de Jesus que reside na minha alma; e, quando me veio a consciência dessa graça, imediatamente fui arrebatada até o Trono de Deus. Oh! como é grande o nosso Senhor e Deus, e como é inconcebível a Sua santidade! E nem sequer vou tentar descrever essa grandeza, porque em breve todos O veremos como Ele é. Comecei, então, suplicar (197) a Deus pelo Mundo com palavras ouvidas interiormente. Quando assim rezava, vi a impossibilidade do Anjo em poder executar aquele justo castigo, merecido por causa dos pecados. Nunca tinha rezado com tanta força interior como naquela ocasião.(...) No dia seguinte pela manhã, quando entrei na nossa capela, ouvi interiormente estas palavras: Toda vez que entrares na capela, reza logo essa oração que te ensinei ontem. Quando rezei essa oração, ouvi na alma estas palavras: Essa oração serve para aplacar a Minha ira. Tu a recitarás por nove dias, por meio do Terço do Rosário, da seguinte maneira: Primeiro dirás o “Pai Nosso”, a “Ave Maria” e o “Credo”. Depois, nas contas de Pai Nosso, dirás as seguintes palavras: “Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e dos do mundo inteiro". Nas contas de Ave Maria rezarás as seguintes palavras: “Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.” No fim, rezarás três vezes estas palavras: “Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro"". (D. 474 e 476)

Eram tempos de grande turbulência na Europa e no mundo em geral, sob diversas perspectivas (sócio-econômica, política, militar, cultural), o que haveria de desembocar num terrível conflito de proporções mundiais; é oportuno lembrar que no ano seguinte (1936) a Alemanha iniciaria o seu expansionismo invadindo a Renânia, e também seria desencadeada a guerra civil espanhola, que provocaria a morte de 1 milhão de pessoas. Tende misericórdia do mundo inteiro, é o brado dirigido a Deus Pai que deve ecoar – ontem, hoje e sempre! – pelos quatro cantos da terra, a fim de que os seres humanos aprendam a viver no amor. Não foi fácil para Santa Faustina divulgar o Terço, mas aos poucos os obstáculos são vencidos.
As pessoas que rezam o Terço da Misericórdia oferecem ao Eterno Pai o Corpo e Sangue, a Alma e Divindade de Jesus Cristo (Filho de Deus que assumiu a nossa natureza humana) em expiação pelos seus pecados, dos seus entes queridos e de todo o mundo e, unindo-se ao único sacrifício de Jesus, recorrem àquele amor que o Pai Celestial tem para com o Seu Filho e para com todos os seres humanos em Jesus Cristo. Tal oração não substitui o necessário arrependimento sincero das próprias culpas (com eventual Confissão sacramental), mas se insere em nosso constante processo de conversão e reconciliação pessoal e comunitária. Na oração “ditada” pelo Anjo à Lúcia e suas companheiras em Fátima, no ano de 1916, é usada a mesma fórmula:
“Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e Vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo presente em todos os tabernáculos do mundo, em reparação dos ultrajes...” – Tal formulação encontra eco na tradição da Igreja
, mais especificamente nos Concílios de Calcedônia (contexto cristológico – séc. V) e de Trento (contexto eucarístico – séc. XVI).

            Dentro do Terço da Misericórdia encontramos duas invocações que possuem um claro sabor litúrgico. A primeira delas é: Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro. Com efeito, no rito de entrada da S. Missa encontram-se as seguintes invocações: «Kyrie, eleison; Christe, eleison» («Senhor, tende piedade de nós; Cristo, tende piedade de nós»). Estas invocações, inicialmente, estavam relacionadas com a oração dos fiéis, que agora se recuperou. Nos primeiros séculos – segundo o relato da peregrina Egéria, de finais do séc. IV –, depois das leituras bíblicas e da homilia, a cada petição da oração dos fiéis, a assembléia respondia «Kyrie, eleison». Talvez tenha sido o papa Gelásio, em finais do século V, quem passou esta invocação para o rito inicial, com a famosa «deprecatio Gelasii». – Outra invocação é a que se faz ao final do Terço: Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro. Esta oração se relaciona com o famoso Triságio oriental. Do grego “tris-agion” (três vezes Santo), é o nome que se dá à aclamação de louvor «Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal», testemunhado pela primeira vez no Concílio de Calcedônia. Por vezes, deu-se-lhe um sentido só cristológico, mas, na maioria dos casos, o sentido foi trinitário, como louvor ao Deus Trino.

            Nos ritos orientais, sobretudo no bizantino, tem o seu lugar na procissão de entrada da Missa, como também acontece nos dias mais solenes do rito hispânico. Noutras liturgias orientais, canta-se antes das leituras bíblicas. Na Liturgia romana conservou-se só em Sexta-Feira Santa, durante a adoração da Cruz (cf. Missal Romano, “Lamentos do Senhor”, 1992, pp. 262ss). Também a Igreja Ortodoxa o conserva em sua Liturgia. Outra circunstância litúrgica em que também se pode falar de «triságio» é na aclamação do Sanctus, da Oração Eucarística: «Santo, Santo, Santo». Vê-se, assim, que a oração do Terço da Misericórdia, longe de nos afastar da Sagrada Liturgia, retoma algumas de suas fórmulas para alimentar a nossa piedade – tanto do Cristianismo ocidental como oriental!

            Através do Terço da Misericórdia, o fiel é convidado a manifestar primeiramente a sua confiança filial no “Pai das misericórdias” (2Cor 1,3), que jamais nos recusa a sua graça e o seu perdão (cf. Lc 11,13; 15,20). Jesus nos ensinou a rezar ao Pai pedindo que manifeste em nós a sua misericórdia: “Pai,... perdoa-nos os nossos pecados...” (Mt 11,4), e rezando o Terço o impetramos com insistência filial. A confiança em Deus é inseparável da caridade para com o próximo (cf. Mt 22,36-40), de modo que através do Terço da Misericórdia o cristão está outrossim realizando uma obra de misericórdia espiritual, animado pelas palavras do Apóstolo: “A graça que obteremos pela intercessão de muitas pessoas suscitará a ação de graças de muitos em nosso favor” (2Cor 1,11). A eficácia desta forma de piedade depende primeiramente, como sempre, da vontade do Pai (cf. Mt 26,39); como toda oração cristã, há de ser acompanhada também da humildade (cf. Lc 18,13-14), do perdão (cf. Mt 6,14s) e da perseverança (cf. Lc 11,8; 18,1-8). Assim, os fiéis podem esperar o cumprimento das promessas de Cristo a Santa Faustina e a todos que rezam com justa intenção, atenção e devoção o Terço da Misericórdia:
           
            [PROMESSAS]

1) Jesus promete acompanhar aquele que reza este Terço com Sua benevolência durante toda a sua vida: “As almas que rezarem este Terço serão envolvidas pela Minha misericórdia, durante a sua vida ... (D 754); Oh! que grandes graças concederei às almas que recitarem este Terço. As entranhas da Minha misericórdia comovem-se por aqueles que recitam este Terço (D 848); Minha filha, exorta as almas a rezarem esse Terço que te dei. Pela recitação deste Terço agrada-Me dar tudo o que Me peçam (D 1541) – se estiver conforme à sua vontade (D 1731);

2) Jesus promete particular assistência na hora da morte: Todo aquele que o recitar alcançará grande misericórdia na hora da sua morte (D 687; cf. 754; 1541);

3) Jesus promete olhar para toda a humanidade com compaixão: Minha filha, agrada-Me a linguagem do teu coração; pela recitação desse Terço aproximas a Humanidade de Mim (D 929);

4) Jesus promete a graça da paz e da conversão aos pecadores:                 
Os sacerdotes o recomendarão aos pecadores como a última tábua de salvação. Ainda que o pecador seja o mais endurecido, se recitar este Terço uma só vez, alcançará a graça da Minha infinita misericórdia. (D 687); Quando os pecadores empedernidos o recitarem, encherei de paz as suas almas ...(D 1541);

5) Jesus promete particular socorro ao agonizante pelo qual rezamos: Defendo toda alma que recitar esse Terço na hora da morte, como se fosse a Minha própria glória, ou quando outros o recitarem junto a um agonizante, eles conseguirão a mesma indulgência. Quando recitam esse terço junto a um agonizante, aplaca-se a ira de Deus, a misericórdia insondável envolve a alma e abrem-se as entranhas da Minha misericórdia, movidas pela dolorosa Paixão do Meu Filho (D 811; cf. 810; 834; 1035; 1036; 1541; 1565; 1797).

O Terço da misericórdia deve ser rezado especialmente na preparação para a Festa da Misericórdia, o que indica o seu elo com a Liturgia da Igreja, particularmente os sacramentos da Eucaristia e Confissão: “O Senhor me disse para rezar o Terço da Misericórdia por nove dias antes da Festa da Misericórdia. Devo começar na Sexta-feira Santa” (D 796). Todavia nada impede que seja rezado em outras circunstâncias. O próprio Jesus pede a S. Faustina para rezá-lo várias vezes: Recita, sem cessar, este Terço que te ensinei (D 687); Vai falar com a Superiora e diz que desejo que todas as Irmãs e educandas rezem esse Terço que te ensinei. Devem rezá-lo por nove dias na capela, com o fim de pedir perdão a Meu Pai e suplicar a misericórdia de Deus para a Polônia (D 714; cf. 851). Algumas vezes Faustina reza o Terço da Misericórdia pedindo bom tempo (ora a chuva, ora o fim da tempestade) – e obtém a graça (D 1128; 1731; 1791). Imitando o crucificado, em certas ocasiões a religiosa polonesa o recitou com os braços abertos, associando, assim, a oração ao sacrifício (D 246; 934; cf. 847).

            O Terço da Misericórdia não pretende substituir o Terço de Nossa Senhora (que recebeu a aprovação e recomendação da Igreja em inúmeras ocasiões - cf. João Paulo II, Rosarium Virginis Mariae) ou nenhum outro (das Lágrimas de Maria, da Divina Providência etc.), mas favorecer particularmente a nossa confiança na divina misericórdia. Na medida do possível, o fiel é convidado a rezar freqüentemente – sozinho ou em grupo – tanto um como o outro!

            Caro devoto e apóstolo de Jesus Misericordioso, inclua o Terço da Misericórdia em sua espiritualidade cotidiana e comunitária, rezando-o, especialmente, às 15h, clamando a misericórdia divina sobre o mundo inteiro. Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! – clamavam os leprosos perto de Jerusalém (Lc 17,13); Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim! (Lc 18,38) – gritava também o cego perto de Jericó (Lc 18,38; cf. T 9,27). Confiando não na força de nossas palavras (T 6,7-8), unamo-nos à geração daqueles que necessitam da misericórdia divina, confiantes no seu poder de nos trazer novamente a luz e a vida!


Festa da Divina Misericórdia

Um dos elementos mais importantes da devoção à Divina Misericórdia presentes nas revelações de Nosso Senhor à Santa Faustina é a Festa da Misericórdia. No Diário o tema recorrem em 37 números, em 16 dos quais nos deparamos com uma manifestação extraordinária de Jesus a seu respeito. Com efeito, aos 22/02/1931, uma das primeiras revelações de Jesus à Santa Faustina diz respeito à Festa da Misericórdia, que deveria ser celebrada no 2º domingo da Páscoa:

Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja benzida solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário, 49; cf. 88; 280; 299b; 458; 742; 1048; 1517).

A Festa é uma obra divina, mas Ele quer que Santa Faustina se empenhe tanto em sua implantação (D. 74; 341; 463; 1581; 1680), como em seu incremento: “Na Minha festa, na Festa da Misericórdia, percorrerás o mundo inteiro e trarás as almas que desfalecem à fonte da Minha misericórdia. Eu as curarei e fortalecerei” (D. 206); “Pede ao Meu servo fiel que, nesse dia, fale ao mundo inteiro desta Minha grande misericórdia, que aquele que, nesse dia, se aproximar da Fonte da Vida, alcançará perdão total das culpas e penas” (D. 300a; cf. 1072). Santa Faustina abraça com toda a alma esta causa, pelo que exclama e reza: “Oh! como desejo ardentemente que a Festa da Misericórdia seja conhecida pelas almas!” (D. 505); “Apressai, Senhor, a Festa da Misericórdia, para que as almas conheçam a fonte da Vossa bondade” (D. 1003; cf. 1041). Jesus leva a sério a dedicação de Santa Faustina nesta missão: “Pelos teus ardentes desejos, estou apressando a Festa da Misericórdia...” (D. 1082; cf. 1530), e por isso o demônio procura atrapalhar o seu caminho (D. 1496).

            Em 1935, no domingo de encerramento do Jubileu da Redenção, Santa Faustina participa da Eucaristia como se estivesse celebrando a Festa da Misericórdia; Jesus então se lhe manifesta como está na imagem e lhe diz: “Essa Festa saiu do mais íntimo da Minha misericórdia e está aprovada nas profundezas da Minha compaixão. Toda alma que crê e confia na Minha misericórdia irá alcançá-la” (D. 420; cf. 1042; 1073). Sabe, contudo, que talvez não participe em vida da sua celebração, mas nem por isso se desanima: “Eu sou apenas Seu instrumento. Oh! quão ardentemente desejo ver essa Festa da Misericórdia Divina que Deus está exigindo através de mim, mas se for a vontade de Deus e se ela tiver que ser comemorada solenemente apenas depois da minha morte, eu já agora me alegro com ela e já a comemoro interiormente com a permissão do confessor” (D. 711). Chega a tomar conhecimento – por iluminação divina – das disputas que se dão no Vaticano por causa desta Festa (D. 1110; cf. 1463) e dos avanços positivos a seu respeito através do Beato Pe. Sopocko (D. 1254). A Festa propriamente dita seria celebrada no Santuário de Cracóvia-Lagiewniki seis anos após a morte de Santa Faustina (1944).

Fica patente no Diário que existe uma relação muito estreita entre Festa da Misericórdia e veneração do quadro, proclamação da divina misericórdia, confiança nesta divina misericórdia, participação nos sacramentos (Eucaristia e Confissão) e remissão dos pecados (culpas e penas):

A tua tarefa e obrigação é pedir aqui na Terra a misericórdia para o mundo inteiro. Nenhuma alma terá justificação, enquanto não se dirigir, com confiança, à Minha misericórdia. E é por isso que o primeiro domingo depois da Páscoa deve ser a Festa da Misericórdia. Nesse dia, os sacerdotes devem falar às almas desta Minha grande e insondável misericórdia. Faço-te dispensadora da Minha misericórdia. Diz ao teu confessor que aquela Imagem deve ser exposta na igreja, e não dentro da clausura desse Convento. Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela” (D. 570); “Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate. A Minha misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana, nem angélica a aprofundará. Tudo o que existe saiu das entranhas da Minha misericórdia. Toda alma contemplará em relação a Mim, por toda a eternidade, todo o Meu amor e a Minha misericórdia. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa(D. 699); “Desejo conceder indulgência plenária às almas que se confessarem e receberem a Santa Comunhão na Festa da Minha misericórdia(D. 1109).

Em 1936 o Senhor lhe pede que esta Festa seja preparada espiritualmente: “O Senhor me disse para rezar o Terço da Misericórdia por nove dias antes da Festa da Misericórdia. Devo começar na Sexta-feira Santa. Através desta novena concederei às almas toda espécie de graças” (D. 796; cf. 1059; 1209). A relevância desta Festa se pode depreender também da seguinte exortação e promessa: “As almas se perdem, apesar da Minha amarga Paixão. Estou lhes dando a última tábua de salvação, isto é, a Festa da Minha Misericórdia. Se não venerarem a Minha misericórdia, perecerão por toda a eternidade” (D. 965; cf. 998).

            Não fechemos o nosso coração: ouçamos a voz do Senhor! Não deixemos de participar da grande Festa da Divina Misericórdia! Preparemo-nos com uma boa confissão! Eis o tempo da graça, eis o dia da salvação!


Novena à Divina Misericórdia
        
Um dos elementos mais presentes na religiosidade ou devoção popular são as novenas preparatórias para as festas dos padroeiros locais. Novena de São Francisco, Novena de Santa Terezinha etc. – são expressões de fé e piedade popular. E a Igreja tem procurado contemplar a piedade popular de uma maneira justa. Em 2001 o Vaticano, através da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, publicou o “Diretório sobre piedade popular e liturgia. Princípios e orientações”, importantíssimo documento sobre o assunto, no qual a Igreja examina mais detidamente a relação entre a Liturgia oficial e a religiosidade popular. Recorda (nn. 29s) que a piedade popular floresceu na Idade Média (entre os séculos VII e XV), já que os fiéis não conseguiam vivenciar de modo frutuoso as celebrações litúrgicas. Algumas de suas expressões surgidas naquela época chegaram até os nossos dias, dentre as quais as novenas (n. 32), o que é uma indicação da sua validade. Apesar de desvios que possam ocorrer aqui e acolá, liturgia e piedade popular “são duas expressões legítimas do culto cristão” que devem estar “em mútuo e fecundo contato” (n. 58), lembrados de que no âmbito da fé hão de se conjugar o privado com o comunitário, o local com o universal, o espontâneo com o oficial. Mesmo com a reforma litúrgica promovida pelo Concílio de Trento (séc. XVI), será justamente após ele que as formas devocionais hão de se desenvolver de um modo mais forte, demonstrando que não se pode aprisionar o Espírito (cf. Grolla, Valentino, L’agire della Chiesa. Teologia pastorale, Ed. Messaggero, Padova, 20033, p. 349).

Aquele que é “três vezes Santo” quis ocultar-se “por nove meses no Coração da Virgem” (Santa Faustina, Diário, n. 161), tempo da gestação humana, necessário para que venha à luz um novo ser. O número “nove” não é muito explorado pela Sagrada Escritura, mas pode ser relacionado com uma nova vida que está chegando; haja visto que o número dez é tido como perfeito (p. ex., Êx 34,28; Ap 17,12), e portanto o nove aponta para uma plenitude que está próxima. – Um outro modo de  considerar a questão destaca que “a novena não é outra coisa que um tríduo triplicado, isto é potenciado, levado por conseguinte a uma eficácia muito maior, e reservado portanto aos casos mais solenes” (Enciclopedia cattolica, Città del Vaticano, 1954, “Triduo”, p. 518). O número três é particularmente simbólico; Deus se revelou um só em 3 Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; quando se quer reforçar ou dar ênfase a uma expressão, repete-se a mesma por 3 vezes. Assim, afirmar que Deus é Santo, diz-se três vezes: “Deus é Santo, Santo, Santo” (Is 6,3; Ap 4,8). Deus abençoa três vezes (Nm 6,24-26). Três são os mensageiros que anunciam o nascimento de Isaac (Gn 18,1ss). É ele próprio, então, o número da plenitude (Ap 21,13) e da santidade (Ap 4,8).’

Na Sagrada Escritura se costuma sublinhar o período de três dias como tempo de preparação para algum importante acontecimento ou intervenção divina (cf. Tb 3,10; Jt 12,6; Est 4,16; 2Mc 13,12; Jo 2,1.19-21; At 9,9; etc.). S. Agostinho registra que em Roma havia muitos cristãos que praticavam a devoção do “tríduo contínuo” (continuum tríduum) de oração e sacrifício (De mor. eccl. cath. I,33). Por sua vez, a celebração cristã da novena é prefigurada pelos nove dias em que os Apóstolos (Pedro, Tiago e João mais outros nove!) e os primeiros discípulos/as deviam aguardar, em Jerusalém, pela mais plena manifestação do Espírito Santo, seguindo a vontade expressa de Jesus após a sua Ressurreição (cf. At 1,3s.; 2,1); S. Lucas registra que nestes dias estavam em profunda comunhão com Deus e com o próximo: “Todos estes, unânimes, perseveravam na oração” (At 1,14). Interessante notar ainda que estes nove dias preparavam a Igreja para a sua manifestação ao mundo, para o seu “parto”, após três anos de intensa preparação durante a vida pública de Jesus. Através das novenas procuramos corresponder ao apelo e testemunho do Senhor, às portas da sua paixão e morte: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação... E, afastando-se de novo, orava dizendo a mesma coisa” (Mc 14,38s), lembrados ainda do seu ensinamento sobre a insistência e a perseverança na oração, suplicando aquilo que é necessário ou conveniente para a nossa salvação e a alheia (cf. Lc 11,5-13; 18,1-8).

Uma das maiores místicas da espiritualidade cristã soube integrar muito bem liturgia e piedade. Santa Faustina Kowalska alimentava a sua fé, esperança e caridade, sobretudo, a partir dos sacramentos (Eucaristia e Confissão; ano litúrgico) e da oração comunitária e pessoal (meditação, contemplação), e ao redor deste eixo inseria as práticas devocionais (oração vocal). Em seu Diário encontramos o testemunho de que ela várias vezes realizou novenas (ao Sagrado Coração de Jesus, ao Espírito Santo, a N. Senhora, aos santos) através da recepção da Comunhão, Adoração ao Ssmo., orações específicas (Via-Sacra, oração à misericórdia divina [n. 187], mil Ave-Marias, ladainhas etc.) e/ou mortificações, tendo em vista objetivos diversos: por si mesma, pela obra da divina misericórdia, pelo Papa, pelo confessor, pelo clero, pelo mundo e pela pátria (cf. nn. 150; 269; 325; 529; 647; 665; 922; 940; 1041s; 1090; 1206; 1251; 1257; 1290; 1413; 1752). Algumas vezes foi o próprio Jesus quem diretamente lhas recomendou: “Vai falar com a Superiora e pede que te permita fazer diariamente uma hora de adoração, durante nove dias... Reza de coração em união com Maria e, também, procura durante esse tempo fazer a Via-sacra” (n. 32s); “Faz uma novena pela Pátria” (n. 59s); “Faz uma novena na intenção do Santo Padre...” (n. 341).

O Diário de Santa Faustina nos lega, outrossim, uma nova e importante prática de piedade, a novena em preparação à Festa da Divina Misericórdia, que por isso mesmo se encontra em profunda relação com a liturgia da Igreja. Acontece durante o Tríduo Pascal e a Oitava da Páscoa, favorecendo ao fiel uma mais profunda imersão no mistério da misericórdia divina, que plenamente se manifesta na paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Em 3 momentos o Diário trata desta novena de um modo específico: - Prelúdio, em 1936: “O Senhor me disse para rezar o Terço da Misericórdia por nove dias antes da Festa da Misericórdia. Devo começar na Sexta-feira santa. Através desta novena concederei às almas toda espécie de graças” (n. 796);
- Revelação completa, em 1937: “Jesus me manda fazer uma novena antes da Festa da Misericórdia, e hoje devo começá-la, pedindo a conversão do mundo inteiro e o conhecimento da misericórdia de Deus” (n. 1059);
- “Novena à Misericórdia Divina que Jesus me mandou escrever e rezar antes da Festa da Misericórdia. Começa na sexta-feira santa. Desejo que, durante estes nove dias, conduzas as almas à fonte da Minha misericórdia, a fim de que recebam força, alívio e todas as graças de que necessitam nas dificuldades da vida e, especialmente na hora da morte. Cada dia conduzirás ao Meu Coração um grupo diferente de almas e as mergulharás nesse oceano da Minha misericórdia. Eu conduzirei todas essas almas à Casa de Meu Pai. Procederás assim nesta vida e na futura. Por Minha parte, nada negarei àquelas almas que tu conduzirás à fonte da Minha misericórdia. Cada dia pedirás a Meu Pai, pela Minha amarga Paixão, graças para essas almas” (n. 1209).

Já naquele ano de 1937 esta novena era aprovada e publicada em Cracóvia (cf. nn. 1255; 1379). As suas nove intenções se encontram sob os números 1209-1229 do Diário, e abarcam os mais variegados grupos de pessoas. Reza-se por todo o gênero humano marcado pelo pecado (todos somos pecadores!), mas de modo especial pelos pecadores (agonizantes, impenitentes, endurecidos e empedernidos, segundo expressões utilizadas no Diário); intercede-se pelos diversos membros da Igreja, tanto pelos sacerdotes e religiosos, como pelos fiéis em geral; pede-se também pelos cristãos separados (“heréticos e cismáticos”), pelos não-cristãos e por aqueles que ainda não conhecem a Deus (ateus, agnósticos e poderíamos incluir os “católicos de IBGE”!); reza-se pelas almas mansas e humildes (mais semelhantes ao Coração de Jesus) e pelos que glorificam de maneira especial a Divina misericórdia; por fim são apresentadas ao Senhor as almas do Purgatório e aqueles que vivem na tibieza (baixo fervor espiritual e empenho cristão). Vê-se que é uma maravilhosa prática de intercessão comunitária, uma espécie de prolongamento da Oração universal com suas 10 intenções, antiqüíssima oração presente na Celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira santa.

No Diário igualmente se exorta a rezar durante nove dias à divina misericórdia em outras circunstâncias. Por exemplo, em 1935, Santa Faustina resolveu “fazer logo uma novena à Misericórdia” por uma pessoa em necessidade (n. 364). Naquele mesmo ano o próprio Jesus lhe pediu rezar o terço da misericórdia por nove dias, a fim de que se aplacasse a justiça divina ante os pecados do mundo (n. 476). No ano seguinte Jesus pede que as irmãs e as educandas fizessem o mesmo pela Polônia (n. 714). Noutra ocasião S. Faustina reza uma novena à  misericórdia divina no dia 28 de dezembro (n. 851). Em 1938 a religiosa polonesa realizou esta novena por uma coirmã, a fim de que se cumprisse nela os planos divinos, pois “na oração não devemos forçar a Deus a nos dar o que nós queremos, mas antes submeter-nos à Sua santa vontade” (n. 1525). Os Padres José Andrasz e Miguel Sopocko, que acompanharam S. Faustina, explicam que “a novena da Misericórdia pode ser feita em qualquer tempo, mas, de harmonia com os desejos de Nosso Senhor, a época própria é a preparação para a Festa da Misericórdia” (A misericórdia de Deus, a única esperança da  humanidade, Tipografia Porto Médico, Porto, 19562, p. 64). No que diz respeito às festas relacionadas com a devoção à Divina Misericórdia, esta é a principal, e por isso há de ser preparada de um modo especial (cf. Laria, Raffaele, Santa Faustina e a Divina Misericórdia, Paulus, Apelação, 2004, p. 121).


Hora da Misericórdia

Há fatos que nos marcam de um modo significativo, indelével, deixando registrados em nossa memória até mesmo o lugar e a hora exata em que ocorreram (cf. Jo 1,39). Certamente na sua vida você poderia elencar ao menos um episódio deste gênero (uma vitória alcançada ou uma tragédia vivenciada, um amor que chega ou se vai etc.), e não é diferente na história da salvação. O tempo cronológico (“krónos”) é santificado pela presença do Filho de Deus entre nós (“na plenitude do tempo” – Gl 4,4; cf. Mc 1,15; Ef 1,10), de modo que se tornou “breviátum” (1Cor 7,29) e o seu fim a cada dia mais próximo (“própe” – Ap 22,10; cf. Rm 13,11s). No ventre de Maria, a partir do seu “faça-se” (“fiat”), inaugura-se a autêntica nova era, i.e., o tempo (“kairòs”) “aceitável” ou o “dia da salvação” (2Cor 6,2), pois em Jesus o eterno “entrou” no tempo cósmico e histórico, e assim cada instante de que dispomos está carregado de um maravilhoso sentido (cf. Hans Urs Von Balthasar, Teologia della storia, Morcelliana, 1964, p. 33).

Na correria do mundo moderno – ou pós-moderno – é perigoso perdermos de vista o valor eterno de cada momento que vivenciamos. Quem é mais antigo talvez se recorde dos sinos que badalavam indicando algumas horas e convidando os trabalhadores a voltarem o seu coração para os Céus, ao menos por uns instantes. Tal costume ainda persiste em muitos lugares, e pode muito nos ajudar a viver aquilo que o sábio já dizia: “Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ecle 3,1). O toque do sino e a oração da manhã e à tarde se encontra pela 1ª vez na Itália (Monte Cassino e arredores) no século XIII; o toque ao meio-dia é mencionado em Praga no ano de 1386; no século XVIII o uso de badalar o sino três vezes ao dia se tornou geral (cf. Bihlmeyer-Tuechle, História da Igreja, vol. 2, Ed. Paulinas, 1964, p. 451). De fato, os cristãos, desde os primórdios, procuraram paulatinamente santificar as diversas horas do dia (uma tradição de origem judaica), e por isso, por exemplo, a Escritura nos relata que “Pedro e João subiam ao templo à hora da oração, às quinze horas” (At 3,1).
            
Uma das categorias mais importantes que encontramos na Sagrada Escritura – ao lado de “aliança”, “misericórdia” etc. – é justamente “memória”. Deus não se esquece do ser humano e o ser humano é convidado a não se esquecer daquilo que o Senhor realizou em seu favor, transformando estas lembranças em fonte para a espiritualidade e as celebrações, tanto individual como coletiva. “A memória tem muitas maneiras de prolongar no presente a eficácia do passado. Em hebraico, os sentidos do verbo zkr, em suas várias formas, dão disso uma idéia: lembrar-se, recordar, mencionar, mas também conservar e invocar, ações todas essas que desempenham um papel mais importante na vida espiritual e na liturgia”, constata Jean Corbon (Vocabulário de teologia bíblica, Vozes, 6ª. ed., 1999, col. 571). É por isso que os grandes momentos da história da salvação – a Páscoa do povo hebreu e a Páscoa de Cristo – incluem um claro apelo: “Este dia será para vós um memorial...” (Êx 12,14); “Fazei isto em minha memória” (“anámnesin”: Lc 22,19). Dentre todos os instantes da história, certamente um merece ser recordado – segundo nosso calendário e os estudos atuais, era o dia 8 de abril do ano 30 d.C., às 3 horas da tarde, fora dos muros de Jerusalém... A hora da misericórdia divina por excelência!

Após 3 anos de intenso ministério, e após 3 horas de intensa agonia, Nosso Senhor Jesus Cristo consumou a sua obra de misericórdia em prol do gênero humano. Esta é a “Hora” de Jesus por excelência, tão desejada por Ele, conforme se lê pelo menos 10 vezes em S. João: “Ainda não chegou a minha hora” (Jo 2,4; cf. 4,23; 7,30; 8,20); “É chegada a hora de ser glorificado o filho do homem” (Jo 12,23; cf. 12,27; 13,1; 16,4; 16,32; 17,1). Aquele momento foi extraordinário, com repercussões também no mundo físico: “Chegada a hora sexta [12h] houve trevas sobre a terra inteira até a hora nona [15h]” (Mc 15,33) – ao dar um grande grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46), expirou – e então o véu do Templo se rasgou, as rochas se fenderam e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram (Mt 27,51s). Certamente cada ato realizado por Jesus carrega um valor infinito, mas o seu nascimento e a sua morte constituem os atos mais belos deste drama humano-divino, e por conseguinte merecem ser celebrados pelos seus discípulos – particularmente esta “hora” em que Jesus entrega ao Pai o seu espírito humano e nos doa o Espírito divino (Catecismo, n. 730; cf. 2746).


A história da Igreja está repleta de homens e mulheres que procuravam viver intensamente os mistérios da vida de Jesus. Dentre elas, modernamente se destaca Santa Faustina Kowalska (+1938), que foi associada pelo próprio Jesus ao seu mistério pascal como raramente se encontra na hagiografia cristã (outros exemplos seriam o de S. Gema Galgani, S. Padre Pio etc.). Ele deixou claro que a meditação sobre a sua Paixão é uma fonte inesgotável de bênçãos para o indivíduo: “Concedo as graças mais abundantes às almas que meditam piedosamente sobre a Minha Paixão” (D 737). Deste modo, a hora da sua entrega por nós na cruz – 3 horas da tarde – foi-se tornando um elemento distintivo na espiritualidade da santa polonesa e assim no movimento que, sem saber, estava-se iniciando. Ao longo de 4 anos (1935-1938) o próprio Jesus lhe foi instruindo a respeito desta hora sagrada.

Em 1935 descreve uma belíssima vivência mística: “Na Sexta-feira Santa, às três horas da tarde, quando entrei na capela, ouvi estas palavras: Desejo que a Imagem seja venerada publicamente. Então vi Jesus agonizando na cruz em grandes dores, e do Seu Coração saindo os mesmos dois raios, tal como na Imagem” (D 414).

Em 1936 se lê: “Sexta-feira Santa. Às três horas vi Jesus crucificado, que olhou para mim e disse: Tenho sede. — Então, vi que do Seu lado saíam os mesmos dois raios que estão na Imagem. Então, senti na alma um desejo de salvar almas e de aniquilar-me pelos pobres pecadores. Ofereci-me em sacrifício ao Pai Eterno pelo mundo inteiro, com Jesus agonizante” (D 648).

Em 1937, também na Sexta-feira Santa: “Às três horas rezei, com os braços estendidos, pelo mundo todo. Jesus já estava terminando Sua vida como mortal. Ouvi Suas sete palavras, depois olhou para mim e disse: Querida filha do Meu Coração, tu és Meu alívio em meio aos terríveis tormentos” (D 1058).

No final daquele ano, Jesus pediu:

Às três horas da tarde, implora à Minha misericórdia especialmente pelos pecadores e, ao menos por um breve tempo, reflete sobre a Minha Paixão, especialmente sobre o abandono em que Me encontrei no momento da agonia. Esta é a Hora de grande misericórdia para o Mundo inteiro. Permitirei que penetres na Minha tristeza mortal. Nessa hora nada negarei à alma que Me pedir pela Minha Paixão...” (D 1320).

No ano da morte de S. Faustina (1938), o Senhor completou a sua instrução sobre a hora da misericórdia:

Lembro-te, Minha filha, que todas as vezes que ouvires o bater do relógio, às três horas da tarde, deves mergulhar toda na Minha misericórdia, adorando-A e glorificando-A. Implora a onipotência dela em favor do Mundo inteiro e especialmente dos pobres pecadores, porque nesse momento foi largamente aberta para toda a alma. Nessa hora, conseguirás tudo para ti e para os outros. Nessa hora, realizou-se a graça para todo o Mundo: a misericórdia venceu a justiça. Minha filha, procura rezar, nessa hora, a Via-sacra, na medida em que te permitirem os teus deveres, e se não puderes fazer a Via-sacra, entra, ao menos por um momento na capela e adora o Meu Coração, que está cheio de misericórdia no Santíssimo Sacramento. Se não puderes sequer ir à capela, recolhe-te em oração onde estiveres, ainda que seja por um breve momento. Exijo honra à Minha misericórdia de toda criatura, mas de ti em primeiro lugar, porque te dei a conhecer mais profundamente esse mistério” (D 1572).

Destes ensinamentos se pode depreender que Jesus deseja que às 3 horas da tarde: 1) façamos uma parada para clamar a misericórdia divina pelos pecadores do mundo inteiro (naturalmente nos incluindo nesta oração!); 2) recordemos na fé o seu sofrimento por nós (físico, psicológico e espiritual), e ipso facto a sua cruz; 3) não apenas devemos pedir a misericórdia, mas glorificar este excelentíssimo atributo divino; 4) este momento de oração pode ser realizado em qualquer lugar em que estivermos, e quem o puder procure rezar numa igreja ou oratório; 5) recomenda-se explicitamente a Via-Sacra, mas pode ser utilizada qualquer oração, como p. ex. o terço da divina misericórdia.

É verdade que em todo momento e lugar podemos prestar honra à divina misericórdia (D 1), mas Jesus nos propõe fazermos memória (zikkaron) da sua entrega suprema às 3 horas da tarde. Portanto, caro irmão e irmã, onde quer que esteja (programe o seu relógio para disparar também às 15h!), una-se a nós neste momento de adoração, ação de graças, reparação e súplica à divina misericórdia, com confiança na sua imensa generosidade para conosco!


Entronização do quadro de Jesus Misericordioso - Acolhendo solenemente o quadro de Jesus Misericordioso em seu lar

Todo aquele, portanto, que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos Céus (Mt 10,32). Nos primeiros séculos, os cristãos demonstravam a sua fé no Senhor Jesus através da sua vida, das celebrações, orações e também através da arte – música, pintura, escultura etc. Várias são as pinturas que encontramos nas catacumbas romanas (sécs. I-IV), demonstrando que a nossa fé tem uma dimensão visível.

Quem me viu, viu o Pai, disse Jesus de si mesmo (Jo 14,9). Uma representação artística do Senhor Jesus – pintura, escultura etc. – tem como objetivo nos recordar aquele que “é o mesmo, ontem e hoje” e “para a eternidade” (Hb 13,8), a fim de que a nossa alma, o nosso coração, a nossa existência se voltem mais e mais para Ele! Já dizia por isso S. João Damasceno: “A beleza e a cor das imagens estimulam minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus” (Imag. 1,27: in Catecismo, n.1162).

O Senhor Jesus se dignou manifestar de um modo extraordinário à Santa Faustina Kowalska (+1938), revelando-lhe a sua imagem como Ressuscitado: “Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós. Desejo que esta imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro”; e em seguida lhe fez uma promessa:Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte” (Diário, nn. 47s; cf. 327). Em 1995, na igreja do Espírito Santo in Sássia (Roma), Karol Wojtyla rezou diante da imagem de Jesus Misericordioso pela 1ª vez como Papa João Paulo II. Sigamos o exemplo dos santos!

Famílias cristãs do Brasil, vamos acolher em nossos lares o quadro de Jesus Misericordioso! Vamos colocar EM NOSSA SALA PRINCIPAL a imagem daquele que Ressuscitou, e que vem a nós como no final daquele domingo: “Falavam ainda, quando ele próprio se apresentou no meio deles e disse: ‘A paz esteja convosco!’ (...). ´(...) Vede minhas mãos e meus pés: sou eu!” (Lc 24,36-40). Acolhendo a Sua imagem, estaremos declaranado: "JESUS, EU CONFIO EM VÓS! TU ÉS O SENHOR DA MINHA CASA E DA MINHA FAMÍLIA!"

            Para a entronização do quadro, seria oportuna a benção do mesmo por um sacerdote, benção esta que está no Ritual de bençãos ( pode-se ainda consultar o nosso Guia da Devoção à Divina Misericórdia, vol. 1). Lembramos a todos que os quadros podem ser entronizados em qualquer dia do ano, mas é oportuno que seja abençoado no Domingo da Misericórdia (2º Domingo da Páscoa), conforme indicação do Diário (n. 49).

     Uma Imagem de Jesus Misericordioso em cada Lar Católico Brasileiro:
     Sejamos instrumentos dessa Obra de Evangelização !

Nenhum comentário:

Postar um comentário