Maria porém era
não somente a Pura, a nova Eva, criada de novo para a alegria de Deus: era a
super-Eva, a Obra-Prima do Altíssimo, a cheia de graça, a mãe do Verbo na mente
de Deus.
"O Verbo é a Fonte da Sabedoria"
[...]. O Filho, então, não terá posto a sua sabedoria sobre os lábios da
própria mãe?
Este post
trata da Sabedoria de Maria Santíssima desde a mais tenra idade. E, necessariamente,
trata da fonte de toda a Sabedoria.
Primeiramente, transcrevemos diálogo entre a pequenina
Maria e sua mãe, Sant’Ana, impressionada com a sabedoria da Filha. Depois,
seguem reproduzidos alguns trechos da obra de Maria Valtorta onde Jesus explica
as razões de tamanha luz, as razões da Sabedoria, seus frutos, e os frutos da
perda da graça, “que se repercutem como nocivas sobre o físico e sobre a
mente”.
[...] mas o Meu sacrifício
reintegra o homem, e abre para vós os fulgores da Inteligência, os seus canais,
a sua ciência. Oh! Que sublimidade tem a mente humana, unida a Deus pela Graça,
participando da Sua capacidade de conhecer!... A mente humana unida a Deus pela
Graça.
As páginas do volume 1, de onde os trechos foram
extraídos, e os correspondentes tópicos anotados entre parêntesis, seguem
indicados em cada trecho.
____________________________
47 (7.3)
[Sant’Ana] - Meu bem, como sabes estas
coisas santas? Quem é que as diz a ti? O teu pai?
[Maria Ss.] –
Não. Não sei quem é. Parece que eu as soube desde sempre. Mas talvez seja
alguém que eu não vejo, e que as diz a mim, talvez um dos Anjos que Deus manda
vir falar aos homens que são bons. [...]
58 (8.7)
[Jesus] Em sua
humildade, [Maria] não sabia que a possuía [a Sabedoria] desde antes de nascer,
e que sua união com a Sabedoria não era outra coisa, senão a continuação das
divinas palpitações do Paraíso.
74/74
(11.4-11.5)
[Maria] - Se
olho para trás, vejo-me consagrada já ao Senhor. Não posso lembrar-me da hora
em que nasci, nem de como foi que comecei a amar a minha mãe e a dizer a meu
pai: “Meu pai, eu sou tua filha”... Mas eu me lembro, ainda que não saiba
quando começou, de ter dado a Deus o meu coração. [...] Quando foi? Não sei. Do
lado de lá da vida, eu diria, porque sinto que sempre o tive, e que Ele sempre
me teve, e que eu existo porque Ele me quis para a alegria do seu Espírito e do
meu...
[Maria, ainda pequena, diz que se manterá virgem e se
consagrará a Deus – 48/52 (7.4)]
[Maria Ss.] -
Então, eu rezarei e me farei virgem para isso [para esperar o Messias].
[Sant’Ana] -
Mas, sabes o que significa o que estás dizendo?
[Maria Ss.] -
Quer dizer não conhecer o amor de homem, mas só o de Deus. Quer dizer não ter
outro pensamento, senão no Senhor. Quer dizer permanecer menina na carne, e
anjo no coração. Quer dizer não ter olhos para outra coisa, mas só para olhar a
Deus, ouvidos só para ouvi-lo, boca para louvá-lo, mãos para oferecer-lhe
hóstias, pés velozes para segui-lo, coração e vida para doar a Ele.
[Sant’Ana] – Bendita és tu! Mas, então, não terás filhos,
tu, que gostas tanto das crianças [...]
[Maria Ss.] –
Não importa. Eu serei de Deus. No Templo rezarei. E talvez um dia eu verei o
Emanuel. A virgem, que vai ser mãe dele, como diz o grande Profeta, já deve ter
nascido, e já deve estar no Templo... Eu vou ser companheira dela... e sua
serva... Oh! Sim! Se, por meio da luz de Deus, eu a puder conhecer, eu quereria
ser serva dela, daquela virgem bem-aventurada! E, depois, ela traria o Filho a
mim, e me levaria ao seu Filho, e eu serviria a Ele também. Pensa nisto
mamãe!... Eu, servindo ao Messias!!... – Maria está dominada por este pensamento,
que a sublima e a aniquila, ao mesmo tempo.
[...] Mas será que o Rei de Israel, o
ungido de Deus, me permitirá que eu o sirva?
[Sant’Ana] – Disso não tenha dúvidas!
Pois, não diz o rei Salomão: “Sessenta são as rainhas, oitenta as outras
mulheres, e as pequeninas serão sem número”? Vê como no Palácio do Rei
serão sem número as meninas virgens que servirão ao seu senhor?
Oh! Estás vendo
agora como devo ser virgem? Eu devo. Se Ele por mãe quer uma virgem, isso é
sinal de que ele ama a virgindade, sobre todas as coisas. [...]
[A sabedoria de
Maria – explicação de Jesus - 50/52 (7.7-7.9)]
Já estou ouvindo
os comentários dos doutores, em suas ironias maliciosas dizendo: "Como é
que pode uma menina, que não tem ainda nem três anos, falar coisas assim?
Isso é um exagero". E não refletem que me tornam monstruoso, alterando a
minha infância, atribuindo-me atos de adulto.
A inteligência não se manifesta em todos do mesmo modo e
na mesma idade. [...] Mas há crianças que muito antes são capazes de discernir,
entender e querer, usando de uma razão já suficientemente desenvolvida. A
pequena Imelda Lambertini, Rosa de Viterbo, Nellie Organ, Nennolina, vos sirvam
de base, ó doutores difíceis, para crerdes que minha mãe podia pensar e falar
assim. Não citei mais do que quatro nomes por acaso, no meio de milhares de
santas crianças que povoam o meu Paraíso, depois de terem raciocinado como
adultos sobre a terra, umas com mais, outras com menos idade.
Qual é a razão? Um dom de Deus. Portanto, Deus o pode
dar na medida que quiser, a quem quiser e quando quiser. A razão é uma das
coisas que mais vos tornam semelhantes a Deus, Espírito inteligente e raciocinante.
A razão e a inteligência foram graças dadas por Deus ao homem no Paraíso
terrestre. Quanto elas eram vivas, junto com a graça ainda intacta,
operando no espírito de nossos dois Primeiros Pais!
No livro de
Jesus Bar Sirac[1]
está escrito: "Toda sabedoria vem do Senhor Deus, e sempre esteve com
Ele, mesmo antes dos séculos". Quanta sabedoria teriam, então, os homens,
se tivessem permanecido filhos de Deus?
As lacunas em vossas inteligências são o fruto natural
do vosso decaimento da graça e da honestidade. Perdendo a Graça, vós vos
afastastes, por séculos, da Sabedoria. [...]
Depois veio o
Cristo, e vos deu a Graça, dom supremo do amor de Deus. Mas, vós sabeis guardar
esta gema tão límpida e pura? Não. Quando não a destruís com a vossa vontade
individual de pecado, a sujais com contínuas culpas menores as vossas
fraquezas, as vossas simpatias para com o vício, e também aquelas simpatias que
não chegam ainda a ser verdadeiros casamentos com o vício septiforme, mas são
um enfraquecimento da luz da Graça e de sua atividade. Depois, tivestes séculos
e séculos de corrupções, para enfraquecer ainda mais a magnífica luz da
inteligência que Deus havia dado aos Primeiros, corrupções que se repercutem
como nocivas sobre o físico e sobre a mente.
Maria porém era não somente a Pura, a nova Eva,
criada de novo para a alegria de Deus: era a super-Eva, a Obra-Prima do
Altíssimo, a cheia de graça, a mãe do Verbo na mente de Deus.
"O Verbo é a Fonte da Sabedoria", diz Jesus
Bar Sirac. O Filho, então, não terá posto a sua sabedoria sobre os lábios da
própria mãe?
[...]
O milagre não está em uma inteligência superior,
demonstrada por Maria em sua idade infantil, como depois aconteceu Comigo. Mas
o milagre está em poder conter em si a Inteligência infinita, que nela habitava,
dentro dos diques preparados para não assombrar as multidões e não despertar a
atenção satânica.
[...].
p. 68
(10.8-10.10) [Jesus]
Maria se
recordava de Deus. Sonhava com Deus. Pensava estar sonhando. Não fazia mais do
que rever tudo o que o seu espírito havia visto no fulgor do Céu de Deus, no
momento em que tinha sido criada, para ser unida à carne concebida na terra.
Ela partilhava uma das propriedades de Deus ainda que de modo bem menor, como
exigia a justiça. Assim, ela tinha a faculdade de recordar, ver e prever por
atributo de uma inteligência poderosa e perfeita, não lesada pela Culpa.
O homem foi
criado à imagem e semelhança de Deus. Uma das semelhanças está na sua
possibilidade de recordar, ver e prever, através do espírito. Isto explica
também a faculdade de ver o futuro. Muitas vezes, esta faculdade aparece, pela
vontade de Deus, de modo direto, outras vezes, vem pela lembrança, que se
ergue, como o sol da manhã, iluminando um determinado ponto do horizonte dos
séculos, como é visto no seio de Deus.
Estes são mistérios altos demais, para
que os possais compreender plenamente. Mas, pensai.
[...]
Que tesouro de inteligência Deus deu ao homem Adão! A
culpa, certamente, diminuiu essa inteligência, mas o Meu sacrifício
reintegra o homem, e abre para vós os fulgores da Inteligência, os seus canais,
a sua ciência. Oh! Que sublimidade tem a mente humana, unida a Deus pela
Graça, participando da Sua capacidade de conhecer!... A mente humana unida a
Deus pela Graça.
Não existe outro modo. Os curiosos de segredos
ultra-humanos que pensem nisso. Todo conhecimento que não proceda de uma alma
em estado de graça – e não está em graça quem está contra a Lei de Deus, tão
clara em suas ordens – só pode provir de Satanás. Dificilmente
satanás corresponde à verdade em tudo o que se refere a assuntos humanos, e
nunca corresponde à verdade no que se refere ao sobrenatural, porque o demônio
é o pai da mentira, conduzindo-vos consigo aos caminhos da mentira. [...] Até
onde a capacidade limitada do homem em estado de graça não consegue chegar, vem
o Espírito falar-lhe e ensinar-lhe.
Contudo, para o homem possuir o Espírito é necessária
a Graça. Para possuir a Verdade e a Ciência, é necessária a Graça. Para o homem
ter o Pai, é necessária a Graça. A
Graça é a Tenda em que as Três Pessoas fazem a sua morada, é o Propiciatório
sobre o qual pousa o Eterno, e fala não mais de dentro da nuvem, mas revelando
sua Face ao filho fiel. Os santos se recordam de Deus, das palavras ouvidas da
Mente criadora e que a Bondade ressuscita em seus corações, para elevá-los,
como águias, à contemplação do Verdadeiro e ao conhecimento do Tempo.
Maria era a cheia de Graça. Toda a Graça, una e
trina a preparava como esposa para as núpcias. Preparava-a como o leito
nupcial para a prole, divinizando-a para a sua maternidade e missão. Ela é a
que vem concluir o ciclo das profetisas do Antigo Testamento, e abre o ciclo
dos "porta-vozes de Deus", no Novo Testamento.
Arca da verdadeira Palavra de Deus, olhando em seu
seio eternamente inviolado, Maria descobria as palavras da ciência eterna,
traçadas pelo dedo de Deus em seu coração imaculado, e se recordava, como todos
os Santos, tê-las já ouvido, quando gerada com o seu espírito imortal de Deus
Pai, criador de toda vida. E, se não se recordava de tudo, a respeito de sua
futura missão, é porque em toda perfeição humana, Deus deixa algumas lacunas,
por divina prudência, que é bondade e merecimento, em favor da criatura.
Como uma segunda Eva, Maria precisou conquistar a sua
parte de merecimento, ao ser a mãe de Cristo, com uma fiel boa vontade, que
Deus quis ter até em seu Cristo, para fazê-lo Redentor.
O espírito de Maria estava no Céu. Sua personalidade e
sua carne estavam na terra, devendo pisar terra e carne, para chegar ao espírito
e uni-lo ao Espírito, num abraço fecundo.
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