Neste Domingo de Páscoa, reproduzo, abaixo, na íntegra, capítulo da obra de Maria Valtorta em que Jesus faz uma profunda reflexão sobre sua Ressurreição.
Uma feliz Páscoa!
________________________________
Considerações sobre a Ressurreição
Mas Maria antecipou o milagre. Foi quando como, com sua oração, Ela abriu os Céus, com a antecipação de cerca de um ano sobre a época prefixada, para dar ao mundo a sua salvação, assim agora Ele obteve a antecipação de algumas horas, para dar um conforto ao seu coração, que estava morrendo.
[...]
É a Páscoa, Maria. Esta é a passagem do Anjo de Deus! A sua passagem da morte para a vida. Sua passagem para dar a vida aos que crêem em meu Nome. A Páscoa. A paz que passa pelo mundo. A paz, não mais velada pela condição de homem. Mas livre, completa em sua eficiência divina que voltou.
[...]
Quando me amais, a ponto de vencer tudo por Mim, Eu vos seguro pela cabeça e pelo coração adoentado, entre minhas mãos traspassadas, e sopro em vosso rosto o meu poder. E Eu vos salvo, vos salvo, ó filhos que Eu amo. Vós, já tornados belos, sãos, livres, ó filhos que Eu amo. [...]
620. Considerações sobre a Ressurreição
As orações ardentes de Maria anteciparam por algum tempo a minha Ressurreição.
Eu havia dito: “O Filho do Homem está para ser morto, mas no terceiro dia ressurgirá”, Eu havia morrido às três da tarde de Sexta-feira. Quer calculeis os dias, dizendo seus nomes, quer os calculeis por horas, não era a aurora do domingo a que devia me ver ressurgir. Como horas eram somente trinta e oito, em vez das setenta e duas, as em que o meu corpo permaneceu sem vida. Como dias, devia pelo menos chegar a tarde deste terceiro dia para se poder dizer que Eu havia ficado três dias na tumba.
Mas Maria antecipou o milagre. Foi quando como, com sua oração, Ela abriu os Céus, com a antecipação de cerca de um ano sobre a época prefixada, para dar ao mundo a sua salvação, assim agora Ele obteve a antecipação de algumas horas, para dar um conforto ao seu coração, que estava morrendo.
E Eu, ao primeiro alvorecer do terceiro dia, desci como o sol e, com o meu fulgor, desfiz os selos humanos, tão inúteis diante do Poder de Deus, de minha força Eu fiz uma alavanca, para fazer revirar a pedra, que inutilmente estava sendo velada, com meu aparecimento fiz um fulgor, que aterrorizou os três vezes inúteis guardas, lá postos para vigiarem uma morte que era vida, e que nenhuma força humana podia impedir que assim o fosse.
Bem mais poderoso do que a vossa corrente elétrica, o meu Espírito entrou, como uma espada de Fogo divino, a esquentar os frios despojos do meu cadáver, e ao novo Adão o Espírito de Deus bafejou-lhe a vida, dizendo a Si mesmo: "Torna a viver. Assim Eu quero."
Eu, que havia ressuscitado mortos, quando Eu não era mais do que o Filho do Homem, a Vítima designada para arcar, com as culpas do mundo, Eu não devia poder ressuscitar a mim mesmo, mas agora que Eu era o Filho de Deus, o Primeiro o Último, o Vivente eterno, Aquele que tem em suas mãos as chaves da vida da morte? Foi aí que o meu cadáver percebeu que a Vida ia voltando para ele.
Olha: assim como o homem que desperta, depois de um sono que sobreveio a um grande cansaço, Eu tenho uma respiração, ainda profunda. E ainda nem posso abrir os olhos, o sangue começa a circular de novo nas veias, com pouca velocidade, por enquanto, e de novo leva o pensamento à mente. Mas Eu estou vindo de muito longe! Olha só: como um homem ferido que um poder milagroso curou. O sangue está voltando às veias, enche de novo o coração, aquece os membros, as feridas se vão cicatrizando, e a força volta. Mas Eu estava muito ferido! Estais vendo como as forças vão voltando. Eu despertei. Voltei à Vida. Estive morto. Agora estou vivo! Agora Eu surjo. Sacudo os linhos da morte, jogo fora os vasos dos ungüentos. Já não tenho mais necessidade deles, a fim de aparecer como a Beleza eterna, a eterna Integridade.
Eu vou revestir-me de novo com uma veste que não é desta Terra, e que tecida por Aquele que é o meu Pai, e que tece a seda dos lírios virginais. Eu estou revestido de esplendor. Eu me orno agora com as minhas chagas, que não soltam mais sangue, mas soltam da prisão a luz. Aquela luz, que será a alegria de minha Mãe e dos bem-aventurados, e um terror insuportável para a vista dos malditos e dos demônios, nesta terra e no último dia.
O anjo de minha vida de homem e o anjo da minha vida de dor estão prostrados diante de Mim, e adoram minha Glória. Aqui estão os meus dois anjos. Um deles se sente feliz, por estar vendo Aquele que ele guardava e que agora não tem mais necessidade da defesa angélica. O outro, que viu as minhas lágrimas, para poder ver depois o meu sorriso, que viu a minha batalha, para poder ver a minha vitória, que viu a minha dor, para poder ver a minha alegria.
Eu estou saindo da horta que está cheia de botões de flores e de orvalho. As macieiras estão abrindo suas corolas para fazerem um arco de flores sobre a minha cabeça de Rei, e as ervas formam um tapete de pedras preciosas e de corolas para o meu Pé, que volta a pisar na Terra redimida, depois de ter sido levantado acima dela para redimi-la. E os primeiros raios do sol me saúdam, e também o vento suave de abril e a leve nuvem que passa, junto com os passarinhos que estão por entre as ramagens. Eu sou o Deus deles. Eles me adoram.
Passo por entre os guardas desfalecidos, símbolos das almas em culpa mortal, que não percebem a passagem de Deus.
É a Páscoa, Maria. Esta é a passagem do Anjo de Deus! A sua passagem da morte para a vida. Sua passagem para dar a vida aos que crêem em meu Nome. A Páscoa. A paz que passa pelo mundo. A paz, não mais velada pela condição de homem. Mas livre, completa em sua eficiência divina que voltou.
E eu vou à minha Mãe. É bem justo que Eu vá a Ela. Isto foi justo também para com os meus anjos. Mas bem mais justo o é para com aquela que, além de ser minha guarda e conforto, ainda foi para mim quem me deu vida. Antes de voltar ao Pai com a minha veste de homem glorificada, Eu vou à minha Mãe. Eu, no meu fulgor da minha veste paradisíaca e das minhas jóias vivas. Ela pode tocar em Mim, Ela as pode beijar, porque Ela é a Pura, a Bela, a Amada, a Bendita, a Santa de Deus.
O Novo Adão vai à Nova Eva. O mal entrou no mundo pela mulher, e pela Mulher foi vencido. O Fruto da Mulher desintoxicou os homens da baba de Lúcifer. Agora, se eles quiserem, podem ser salvos. Ele salvou a mulher, que ficou tão frágil depois da ferida mortal.
E depois de ter ido à Pura, à qual, por direito de Santidade e Maternidade, é justo que se dirija o Filho de Deus, Eu me apresento à mulher redimida [Maria Madalena], ao tronco de nossa raça, à representante de todas as criaturas femininas que Eu vim livrar das mordidas da luxúria.
Eu não me faço tocar por ela. Ela não é a Pura que, sem contaminá-lo, pode tocar no Filho, que está de volta para o Pai. Muito ela tem que purificar-se por sua penitência. Mas o seu amor bem que merece esse prêmio. Ela soube ressurgir, por sua vontade, do sepulcro do seu vício, estrangular a Satanás, que a possuía, desafiar o mundo por amor ao seu Salvador, e foi aí que ela aprendeu a despojar-se de tudo que não fosse amor, aprendeu a não ser mais do que um amor, que só existe por seu Deus. E Deus a chama: "Maria!" Escuta como ela lhe responde: "Raboni!" Nesse grito está o seu coração.
E a Ela, que o mereceu, Eu a encarrego de ser a mensageira da Ressurreição. E, uma vez mais, ela será um pouco escarnecida, como se estivesse desvairada. Mas ela não se importa com o que dela os homens pensam. Maria de Magdala é agora a Maria de Jesus, como lhe chamam os homens. Ela me viu ressuscitado, e isso lhe dá uma alegria tal, que modera qualquer outro sentimento.
Estás vendo como Eu amo até quem foi culpado mas que quis sair da culpa? Nem a João Eu me mostrei em primeiro lugar, mas sim a Madalena. João já tinha recebido de Mim o grau de Filho. E ele o podia receber, porque ele era puro, e podia ser um filho, não só espiritual, mas também quando dava ou recebia, em suas necessidades, aqueles cuidados que nascem da carne, prestando-os à Pura de Deus e dela os recebendo em suas necessidades e os cuidados com que tratamos a nossa carne, tudo isso ela dava ou recebia como a Pura de Deus.
Madalena, a que ressuscitou para a Graça, foi a que teve, por primeiro, a visão da Graça ressuscitada.
Quando me amais, a ponto de vencer tudo por Mim, Eu vos seguro pela cabeça e pelo coração adoentado, entre minhas mãos traspassadas, e sopro em vosso rosto o meu poder. E Eu vos salvo, vos salvo, ó filhos que Eu amo. Vós, já tornados belos, sãos, livres, ó filhos que Eu amo. Vós vos tornais os filhos queridos do Senhor. Eu faço de vós os portadores da minha Bondade por entre os pobres homens, aqueles a quem dais testemunho da minha Bondade para com eles, a fim de que eles fiquem persuadidos dela e de Mim.
Tende, tende fé em Mim. Tende amor. Não tenhas medo. Que vos faça confiantes no Coração de vosso Deus tudo o que Eu padeci para salvar-vos.
E tu, pequeno João, sorri agora, depois do pranto! O teu Jesus não sofre mais. Não há mais sangue, nem feridas. Mas sim luz e mais luz. Alegria e mais alegria. A minha luz e a minha alegria estejam em ti, até que chegue a hora do Céu.
[Valtorta, Maria. O Evangelho como me foi revelado. Isola del Liri - Itália: Centro Editoriale Valtortiano, 2002. v. 10. p. 232-236] (grifos nossos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário