sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Quarto Mandamento - Honra o teu pai e a tua mãe


O Quarto Mandamento – Honra o teu pai e a tua mãe

Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá (Ex 20,12).

Este tópico é uma continuação da temática sobre os Mandamentos da Lei de Deus, que iniciamos neste tempo da Quaresma.
Para uma visão geral sobre os Mandamentos diante do Evangelho, recomendamos, mais uma vez, a leitura do tópico concernente ao Primeiro Mandamento, já postado neste blog.
Sobre o Quarto Mandamento da Lei de Deus – Honrar pai e mãe –, vejamos, inicialmente, ricos trechos das revelações feitas por Jesus a Maria Valtorta:
           
      [...] Somos todos irmãos. Contudo, Eu vejo, e vós vedes, que também no interior das famílias – lá onde o sangue igual reforça, também com o sangue e a carne, a irmandade que nos vem de Adão – há ódios e atritos. Os irmãos estão contra os irmãos, os filhos contra os pais, os esposos, inimigos um do outro.
        Mas, para não serem sempre maus irmãos e esposos adúlteros um dia, é preciso aprender, desde a primeira idade, o respeito para com a família, organismo que é o menor e o maior do mundo. O menor, em relação ao organismo de uma cidade, de uma região, de uma nação, de um continente. Mas o maior, porque é o mais antigo; porque foi colocado por Deus, quando ainda o conceito de pátria e de cidade não existia, mas já era vivo e o operante o núcleo familiar, fonte da raça e das raças, pequeno reino no qual o homem é rei, a mulher a rainha, e súditos os filhos. Poderá um reino ter duração, se ele tiver divisões e inimigo em cada um dos seus habitantes? Não pode durar. É, na verdade, uma família não dura se nela não houver obediência, respeito, economia, boa vontade, operosidade, amor.
       “Honra o pai e a mãe, diz o decálogo”. Como é que se honram? Por que devem ser honrados?
       Honram-se com uma verdadeira obediência, com um amor justo, com um respeito confiante, com um temor reverencial, que não impede a confiança, mas, ao mesmo tempo, não nos faz tratar os maiores, como se fôssemos servos e inferiores. Devem ser honrados, porque depois de Deus, os doadores da vida, e de todas as necessidades materiais da vida, os primeiros mestres, os primeiros amigos do jovem ser, que nasceu sobre a terra, são o pai e a mãe.
      Diz-se: "Deus te abençoe" ou "obrigado" àquele que nos recolhe um objeto caído ou nos dá um pedaço de pão. E a estes, que se cansam no trabalho para nos sustentar, para nos dar nossas vestes e conservá-las limpas, a estes que se levantam para escrutarem o nosso sono, que sacrificam seu repouso para cuidar de nossa saúde, que fazem de seus colos um leito para as nossas mais dolorosas canseiras, não lhes haveremos de dizer, com amor: "Deus te abençoe", "obrigado”?
      São os nossos mestres. O mestre é temido e respeitado. Mas ele toma conta de nós, quando já sabemos o indispensável sobre o modo de comportar-nos, de alimentar-nos e de dizer as coisas essenciais, e ele nos deixa, quando o mais árduo ensinamento da vida, ou seja, "o viver" nos deve ainda ser ensinado. E são o pai e a mãe que nos preparam à escola primeiro, à vida depois.
      São os nossos amigos. Mas que amigo pode ser mais amigo do que um pai? E quem mais amiga do que uma mãe? Podeis tremer, diante deles? Podeis dizer: "Serei traído por ele, por ela"? Contudo, eis o jovem tolo, e a moça, mais tola ainda, que se fazem amigos de estranhos, e fecham seus corações ao pai e à mãe, e estragam suas mentes e corações com relacionamentos que são imprudentes, quando não chegam a ser até culpáveis, a ser causa de lágrimas paternas e maternas, que sulcam como se fossem gotas de chumbo fundido nos corações dos pais. Aquelas lágrimas, porém, Eu vo-lo digo, não caem no chão nem no esquecimento. Deus as recolhe e as conta. O martírio de um pai espezinhado receberá um prêmio do Senhor. Mas o ato do filho, que é o suplício de um pai, tampouco será esquecido, mesmo quando o pai e a mãe, em seu doloroso amor suplicam a piedade de Deus para o filho culpado.
      "Honra o pai e a mãe, se queres viver longos dias sobre a terra", foi dito. "E eternamente no Céu", Eu acrescento. Pequeno demais seria o castigo de viver pouco aqui por ter faltado para com os pais! O além não é uma fábula, e do lado de lá haverá prêmio ou castigo, conforme o modo como tivermos vivido. Quem falta para com seus pais, falta para com Deus, porque Deus deu para os pais um mandamento de amor, e quem não ama, peca. Por isso, ele perde mais do que a vida material, perde a verdadeira vida de que Eu vos falei, e vai ao encontro da morte, e até mesmo já está morto, pois sua alma está fora da graça do Senhor, já está culpada do delito, visto que fere o amor mais santo que há depois do de Deus, e já traz em si os germes dos futuros adultérios, porque o filho mau se torna um pérfido esposo, já tem em si os estímulos da perversão social, porque um filho mau já é o desabrochar de um futuro ladrão, do truculento e violento assassino, do frio usurário, do libertino sedutor, do gozador cínico, do repugnante traidor da pátria, dos amigos, dos filhos, da esposa, de todos. E podereis ter estima e confiança em quem foi capaz de trair o amor de uma mãe e de zombar dos cabelos brancos de um pai?
       Porém, ouvi ainda, aos deveres dos filhos corresponde um dever igual dos pais. Maldição ao filho culpado! Mas maldição também ao culpado pai. Fazei que os vossos filhos não vos possam criticar, nem imitar no mal. Fazei-vos amar por um amor dado com justiça e misericórdia. Deus é Misericórdia. Os pais, que acima de si só têm a Deus, sejam misericordiosos. Sede exemplo e conforto para os filhos. Sede paz e guia. Sede o primeiro amor de vossos filhos. Uma Mãe é sempre a primeira imagem da esposa que nós quereríamos. Um pai, para suas filhas jovenzinhas, tem o rosto que elas sonham que seu esposo vai ter. Fazei que, sobretudo, os filhos e as filhas escolham com sábia mão os recíprocos consortes, pensando na mãe, no pai, e desejando que o seu consorte tenha o que o pai ou a mãe tem: uma virtude veraz.
      Se Eu tivesse que falar até esgotar o argumento, o dia e a noite não seriam suficientes. Pelo que, vou abreviá-lo por amor de vós. O resto, que vo-lo diga o Espírito eterno. Eu jogo a semente, e passo adiante. Mas a semente nos bons lançará raízes e produzirá espigas.  Ide. A paz esteja convosco. (grifei)
(Valtorta, Maria. O Evangelho como me foi revelado. Isola del Liri - Itália: Centro Editoriale Valtortiano, 2002. v. 2. p. 278-279)

O Quarto Mandamento é objeto do Artigo 4º da Terceira Parte do Catecismo da Igreja Católica (parágrafos 2197 a 2257), onde encontramos importantes preceitos sobre o papel da família e dos seus membros no plano de Deus (há um link para o Catecismo neste blog).
Que Deus abençoe a todos!
Francisco José

Um comentário:

  1. Samuel Melo Montenegro1 de abril de 2011 às 23:41

    Meu irmão Franzé. Muito bom o artigo. Me lembro que existe uma carta de São Paulo em que ele fala do amor e respeito que devemos ter pelos nossos pais. É uma reflexão necessária face aos acontecimentos atuais do mundo, que impõe grandes desafios para as famílias. Que Jesus possa nos ajudar hoje e sempre! :)

    ResponderExcluir