terça-feira, 1 de novembro de 2011

A intercessão Mariana e a antecipação do tempo da Graça e da Ressurreição de Cristo. Lições extraídas das Bodas de Caná e da Ressurreição do Senhor.

A intercessão Mariana e a antecipação do tempo da Graça e da Ressurreição de Cristo. Lições extraídas das Bodas de Caná e da Ressurreição do Senhor.

A grande oração da Mãe penetra o Céu e é acolhida pelo Pai, que para abreviar a minha espera dolorosa, antecipa o momento da Ressurreição do Filho.
[...] O meu primeiro milagre aconteceu por causa de Maria. O primeiro. Sinal de que Maria é a chave dos milagres. Eu não recuso nada à minha mãe, e pela sua oração antecipo também o tempo da graça.  [...]
[...] Agradecei a Maria. Foi por ela que tivestes o dom dos milagres e as minhas graças, e especialmente as do perdão.

    Há poucos dias, ao fazer meu Cenáculo Mariano, li uma mensagem de Nossa Senhora para o Pe. Stéfano Gobbi que, particularmente, me emocionou muito: trata-se de uma reflexão de Maria Santíssima na Sexta-feira Santa do dia 13 de abril de 1979, em que Nossa Senhora afirma haver obtido de Deus, em resposta às suas orações, a antecipação da Ressurreição de Jesus.
    Transcrevo, abaixo, o trecho referenciado:


      Depois, quando a noite põe um véu sobre todas as coisas, começa para a Mãe a vigília. Estou aqui, recolhida na fé, que nunca Me abandonou; na esperança que Me ilumina inteiramente; na oração que se torna contínua, incessante, quase assinalando o decorrer de um tempo que, para Mim, já não tem noite nem dia.

      A grande oração da Mãe penetra o Céu e é acolhida pelo Pai, que para abreviar a minha espera dolorosa, antecipa o momento da Ressurreição do Filho.

(Aos Sacerdotes, filhos prediletos de Nossa Senhora. Ed. Loyola. 24. ed. P. 303)

     É interessante observar que a coerência dos textos Sagrados que integram a Bíblia se mantém também na Tradição e nas revelações posteriores, fruto da bondade Divina que tudo faz para nossa salvação.
     Nesse sentido, o trecho acima é particularmente emocionante porque se confirma na obra de Maria Valtorta, onde Jesus, falando do grande poder de intercessão de Nossa Senhora, revela haver antecipado, a pedido de Maria, também, os seus milagres, “o tempo da Graça”.
     Os trechos abaixo transcritos, que contemplam as questões acima aduzidas, abordam ainda revelações de grande beleza e riqueza teológica, cuja leitura merece uma boa reflexão.
     Passemos, pois, às revelações feitas a Maria Valtorta concernentes às bodas de Caná e, posteriormente, à Ressurreição de Cristo:
             [...]

      - Filho, ela fala baixinho, chamando a atenção de Jesus com aquela palavra: - Filho, eles não têm mais vinho.

      - Mulher, o que ainda há entre Mim e ti? Jesus, ao dizer esta frase, sorria ainda mais docemente e Maria também sorri; fazem como duas pessoas que sabem uma verdade que é para elas um alegre segredo ignorado por todos os outros.

      Jesus me explica [a Maria Valtorta] o significado da frase.

      - Aquele "ainda", que muitos tradutores omitem, é a chave da frase e a explica em seu verdadeiro significado.

      Eu era o Filho sujeito à mãe até o momento em que a vontade do meu Pai me mostrou que havia chegado a hora de ser o Mestre. Desde o momento em que teve início a minha missão Eu não era mais o filho sujeito à mãe, mas o servo de Deus. Estavam rompidos os laços morais para com a minha genitora. Estes tinham sido mudados em outros mais altos e todos se haviam refugiado no espírito. Aquele chamava sempre o nome de "mamãe" Maria, a minha santa. O amor não teve parada, nem esfriamento; ao contrário, nunca ele foi tão perfeito como quando, separado dela como por uma segunda filiação, ela me deu ao mundo para o mundo, como Messias, como Evangelizador. Essa sua terceira, sublime e mística maternidade se deu quando, na angústia do Gólgota, ela gerou-Me à Cruz fazendo de Mim o Redentor do mundo.

      "Que é que ainda há entre mim e ti?" Antes, Eu era teu, unicamente teu. Tu me dava as ordens, Eu obedecia. Eu te estava "sujeito". Agora Eu sou da minha missão.

      Será que Eu não disse isto? "Quem, tendo posto a mão no arado, vira-se para trás para saudar a quem fica, não é apto para o Reino de Deus". Eu tinha posto a mão no arado para abrir com a relha não as glebas, mas os corações para semear neles a palavra de Deus. Eu teria levantado aquela mão, somente quando me tivessem arrancado de lá para pregá-la na cruz e abrir com meu torturante prego, o coração do meu Pai, fazendo sair o perdão para a humanidade.

      Aquele "ainda", geralmente esquecido, queria dizer o seguinte: "Tudo tens sido para mim, ó mãe, enquanto Eu fui unicamente o Jesus de Maria de Nazaré, e tudo és em meu Espírito; mas, desde que Eu sou o Messias esperado, sou de meu pai. Espera um pouco ainda que, terminada a missão, serei de novo todo teu; ter-me-ás de novo nos braços, como quando Eu era menino e ninguém te disputará mais este teu Filho, considerado um opróbrio da humanidade, a qual te jogará os despojos dele, para cobrir-te a ti também do opróbrio de ser a mãe de um condenado à morte. E depois, Me terás de novo, triunfante, depois me terás para sempre, triunfante tu também, no Céu. Mas agora eu sou de todos os homens. Eu sou do pai que a eles me enviou".

      Eis o que quer dizer aquele "ainda", pequeno e tão denso de significado.

      Maria pede aos serventes:

      - Fazei aquilo que Ele vos disser.

      Maria já tinha lido nos olhos sorridentes de seu Filho o assentimento velado pelo grande ensinamento a todos os "vocacionados". E Jesus ordena aos serventes

      - Enchei as bilhas de água.

      Vejo os serventes enchê-las com água trazida do poço (ouço o ranger do sarilho, que leva para baixo e para cima o balde gotejante). Vejo o mordomo, com olhos de grande espanto, servir-se daquele líquido, prová-lo com atos de ainda maior espanto, saboreá-lo e falar ao dono da casa e ao noivo (eles estavam perto).

      Maria está ainda olhando para o Filho e sorrindo; depois, ao receber um sorriso Dele, inclina a cabeça, enrubescendo levemente. Ela está feliz.

      Pela sala passam um murmúrio, as cabeças se voltam todas para Jesus e Maria, alguns se levantam para vê-los melhor, outros vão ver as bilhas. Faz-se um grande silêncio. Depois se ergue um coro de louvores a Jesus.

      Mas Jesus se levanta e diz uma palavra: "Agradecei a Maria" e, em seguida, sai do banquete. Os discípulos o seguem. Já na porta, Ele repete:

      - A paz esteja nesta casa e a Bênção de Deus sobre vós; e acrescenta:

      -  Mãe, eu te saúdo.

      Cessa a visão.

      Jesus me instrui assim:

       - Quando Eu disse aos discípulos: "Vamos fazer feliz minha mãe", Eu tinha àquela frase um sentido mais alto do que o que parecia. Não a felicidade de me ver, mas de ser ela a iniciadora de minha atividade de fazer milagres e a primeira benfeitora da humanidade. Lembrai-vos disso sempre. O meu primeiro milagre aconteceu por causa de Maria. O primeiro. Sinal de que Maria é a chave dos milagres. Eu não recuso nada à minha mãe, e pela sua oração antecipo também o tempo da graça. Eu conheço minha mãe, a segunda em bondade depois de Deus. Eu sei que conceder-vos uma graça é fazê-la feliz, porque ela é a Toda Amor. Eis porque Eu disse, Eu que tudo sabia: "Vamos fazê-la feliz".

      Além disso, Eu quis manifestar o seu poder ao mundo, junto com o meu. Destinada a ser unida a Mim na carne - pois nós fomos uma só carne: Eu nela, e ela ao redor de Mim, como as pétalas de um lírio ao redor do pistilo perfumado e cheio de vida - ; unida a Mim na dor, porque estivemos sobre a cruz: Eu com a carne e ela com seu espírito, assim como o lírio exala perfume com sua corola e com a essência extraída dela, era justo que estivesse unida a Mim no poder que se mostra ao mundo.

      Digo a voz é o que eu disse àqueles convidados: "Agradecei a Maria. Foi por ela que tivestes o dom dos milagres e as minhas graças, e especialmente as do perdão". (grifos nossos)

(Valtorta, Maria. O Evangelho como me foi revelado. Isola del Liri - Itália: Centro Editoriale Valtortiano, 2002. v. 1. p. 328-330) (grifei)


620. Considerações sobre a Ressurreição

             As orações ardentes de Maria anteciparam por algum tempo a minha Ressurreição.

      Eu havia dito: “O Filho do Homem está para ser morto, mas no terceiro dia ressurgirá”, Eu havia morrido às três da tarde de Sexta-feira. Quer calculeis os dias, dizendo seus nomes, quer os calculeis por horas, não era a aurora do domingo a que devia me ver ressurgir. Como horas eram somente trinta e oito, em vez das setenta e duas, as em que o meu corpo permaneceu sem vida. Como dias, devia pelo menos chegar a tarde deste terceiro dia para se poder dizer que Eu havia ficado três dias na tumba.

             Mas Maria antecipou o milagre. Foi quando como, com sua oração, Ela abriu os Céus, com a antecipação de cerca de um ano sobre a época prefixada, para dar ao mundo a sua salvação, assim agora Ele obteve a antecipação de algumas horas, para dar um conforto ao seu coração, que estava morrendo.

             E Eu, ao primeiro alvorecer do terceiro dia, desci como o sol e, com o meu fulgor, desfiz os selos humanos, tão inúteis diante do Poder de Deus, de minha força Eu fiz uma alavanca, para fazer revirar a pedra, que inutilmente estava sendo velada, com meu aparecimento fiz um fulgor, que aterrorizou os três vezes inúteis guardas, lá postos para vigiarem uma morte que era vida, e que nenhuma força humana podia impedir que assim o fosse.

      [...]


      Passo por entre os guardas desfalecidos, símbolos das almas em culpa mortal, que não percebem a passagem de Deus.

       É a Páscoa, Maria. Esta é a passagem do Anjo de Deus! A sua passagem da morte para a vida. Sua passagem para dar a vida aos que crêem em meu Nome. A Páscoa. A paz que passa pelo mundo. A paz, não mais velada pela condição de homem. Mas livre, completa em sua eficiência divina que voltou.

      E eu vou à minha Mãe. É bem justo que Eu vá a Ela. Isto foi justo também para com os meus anjos. Mas bem mais justo o é para com aquela que, além de ser minha guarda e conforto, ainda foi para mim quem me deu vida. Antes de voltar ao Pai com a minha veste de homem glorificada, Eu vou à minha Mãe. Eu, no meu fulgor da minha veste paradisíaca e das minhas jóias vivas. Ela pode tocar em Mim, Ela as pode beijar, porque Ela é a Pura, a Bela, a Amada, a Bendita, a Santa de Deus.
       O Novo Adão vai à Nova Eva. O mal entrou no mundo pela mulher, e pela Mulher foi vencido. O Fruto da Mulher desintoxicou os homens da baba de Lúcifer. Agora, se eles quiserem, podem ser salvos. Ele salvou a mulher, que ficou tão frágil depois da ferida mortal.

      E depois de ter ido à Pura, à qual, por direito de Santidade e Maternidade, é justo que se dirija o Filho de Deus, Eu me apresento à mulher redimida [Maria Madalena], ao tronco de nossa raça, à representante de todas as criaturas femininas que Eu vim livrar das mordidas da luxúria.

      Eu não me faço tocar por ela. Ela não é a Pura que, sem contaminá-lo, pode tocar no Filho, que está de volta para o Pai. Muito ela tem que purificar-se por sua penitência. Mas o seu amor bem que merece esse prêmio. [...]

      [...]

      Estás vendo como Eu amo até quem foi culpado mas que quis sair da culpa? Nem a João Eu me mostrei em primeiro lugar, mas sim a Madalena. [...]

       Madalena, a que ressuscitou para a Graça, foi a que teve, por primeiro, a visão da Graça ressuscitada.

            Quando me amais, a ponto de vencer tudo por Mim, Eu vos seguro pela cabeça e pelo coração adoentado, entre minhas mãos traspassadas, e sopro em vosso rosto o meu poder. E Eu vos salvo, vos salvo, ó filhos que Eu amo. Vós, já tornados belos, sãos, livres, ó filhos que Eu amo. Vós vos tornais os filhos queridos do Senhor. Eu faço de vós os portadores da minha Bondade por entre os pobres homens, aqueles a quem dais testemunho da minha Bondade para com eles, a fim de que eles fiquem persuadidos dela e de Mim.

      Tende, tende fé em Mim. Tende amor. Não tenhas medo. Que vos faça confiantes no Coração de vosso Deus tudo o que Eu padeci para salvar-vos.

      [...]       
(Valtorta, Maria. O Evangelho como me foi revelado. Isola del Liri - Itália: Centro Editoriale Valtortiano, 2002. v. 10. p. 232-236) (grifei)

Como são lindos os Mistérios de Deus...

Nossa Senhora, rogai por nós!

Francisco José

Nenhum comentário:

Postar um comentário