“Tu és Pedro”: a divindade e a humanidade da Igreja Católica. Apostolicidade. Evangelização hoje: “Oxalá fosses frio ou quente”.
Na última postagem recomendamos a obra (impressa e televisiva) de Thomas E. Woods Jr., Doutor em História pela Universidade de Columbia, e autor do livro Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental. O trabalho em questão consolida uma revisão imparcial da história que resgata o papel da Igreja Católica como berço da ciência, da economia, do direito, do sistema universitário, da caridade, etc., desmascarando erros semeados por iluministas, marxistas, relativistas, dentre outros interessados na degradação da Igreja para, na sociedade, semear suas ideias, obviamente, opostas aos valores cristãos.
Hoje, fazemos uma breve reflexão sobre a instituição da Igreja Católica, fundada por Cristo – que conferiu a Pedro a missão da sua condução –, bem como sobre a postura do cristão no mundo relativista contemporâneo.
Em Mateus 16, 13-23, Jesus, depois de proclamar a “Pedra” sobre a qual seria edificada Sua Igreja – São Pedro –, prenuncia sua morte e ressurreição aos discípulos, e repreende severamente a Pedro quando este começou a interpelá-Lo protestando contra aqueles fatos profetizados – o Sacrifício do Cordeiro de Deus. Pedro, no futuro, também iria negar a Cristo por três vezes. Mas, mesmo diante das falhas inerentes ao homem, quis Deus que a sua Igreja, ao mesmo tempo, fosse humana e divina:
A Igreja, que é semelhante ao próprio Jesus, isto é, ao mesmo tempo, humana e divina, precisa também ter um Chefe visível. Ela tem a sua Cabeça divina, invisível, o próprio Cristo; e tem a sua Cabeça humana, o seu chefe visível, o Papa. [...] (AQUINO, Felipe. A Minha Igreja).
A passagem de São Mateus, acima referenciada, deixa clara a santidade da Igreja Católica – pois instituída por Cristo – não obstante ser a mesma formada por homens pecadores. Nesse sentido, ressalta o Prof. Felipe Aquino: “[...] A Igreja é Santa porque é do Corpo do qual Cristo é a Cabeça, e o Espírito Santo é a alma; mas é formada de homens pecadores que podem errar” (Por que sou Católico. Lorena: Cléofas, 11. ed., 2002, p. 60).
“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves dos céus. Tudo o que ligares na terra, será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no céu” (Mt 16,18s).
Como diz o prof. Felipe Aquino, “estas palavras de Jesus são claríssimas, e só não as entende quem não quer. Não há como distorcê-las e manuseá-las”.
Pedro, portanto, por decisão do próprio Deus Filho, é o líder da Igreja instituída por Cristo. Sua liderança é imprescindível à Igreja, principalmente pelo fato de Jesus não haver ensinado todas as coisas aos discípulos: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade...” (Jo 16, 12-13) (grifo nosso).
Assim,
“Quando nos primeiros séculos surgia uma doutrina nova, às vezes uma heresia, o critério do discernimento era o da apostolicidade: “esta doutrina está de acordo com o que ensinaram os Apóstolos?” “Está em conformidade com o que ensina a Igreja de Roma, onde foram martirizados Pedro e Paulo?”.
[...]
O Livro do Apocalipse revela a Igreja na sua glória futura, simbolizada como uma bela cidade celeste construída sobre Doze pedras fundamentais, nas quais “estão escritos os nomes dos Doze Apóstolos do Cordeiro” (AQUINO, Felipe. Por que sou Católico. p. 75) (grifei).
A preservação da Igreja das falsas doutrinas era uma grande preocupação dos Apóstolos. “As Cartas de S. Paulo, S. Pedro e S. João nos mostram o cuidado dos Apóstolos em preservar a “sã doutrina” (1 Tm 1,10). Paulo fala do perigo das “doutrinas estranhas” (1 Tm 1,3); dos “falsos doutores” (1 Tm 4,1-2); e recomenda a S. Timóteo: “guarda o depósito.” (1 Tm 6,20)” (idem, p. 62).
São Pedro fala muito bem da dificuldade de interpretação das Escrituras, notadamente das Cartas de São Paulo, e alerta com respeito àqueles que deturpam seu conteúdo:
15Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. 16É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras. (2Pe 3, 15-16)
A interpretação das Sagradas Escrituras requer muito estudo, discernimento e humildade. O primeiro mandamento da Lei de Deus assevera: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e a teu próximo como a ti mesmo!" (Lc 10, 27). Tal mandamento deixa transparente a necessidade da busca pelo conhecimento das “coisas do Alto”, mas uma busca humilde, isenta da prepotência de se querer entender plenamente o que “[...] os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou [...]” (CorI, 2:9)
Por isso a necessidade de saber extrair das Escrituras sua mensagem correta, sem deturpações, preocupação da Igreja desde os seus primórdios.
É um horror ver hoje o mundo mergulhado nos pensamentos da “nova era”, do relativismo, do secularismo, que alicerçam um discurso que se disfarça na tão propalada tolerância universal, mas que implica, na verdade, em uma permissividade ilimitada, ignorando e, muito em breve – não duvidem – proibindo a evangelização que leva para “O caminho, A verdade e A vida” (notem os artigos definidos).
Proclama-se, hoje, uma verdadeira salada teológica, ideia a qual – à exceção daqueles que agem deliberadamente com má-fé (literalmente) –, só cabe nas mentes pouco letradas a respeito dos fundamentos das diferentes crenças, como se todos os credos fossem compatíveis. O argumento segundo o qual “o importante é crer num ser superior” é bastante apropriado para legitimar a criação de doutrinas individuais, adequadas à conveniência de cada um.
Em outras palavras, o que se prega é o seguinte: não é o homem que segue a doutrina, é esta que se amolda ao homem.
Tal forma de pensar deixa transparecer completa ignorância acerca dos fundamentos das crenças, fundamentos os quais revelam pontos inexoravelmente incompatíveis (p. ex.: Cristianismo x Judaísmo – este ainda espera o seu messias; purificação da alma pela reencarnação x salvação como graça decorrente do sacrifício de Cristo na cruz; etc.).
Será que crer num ser superior basta? É claro que não! Tal forma de pensar é pura insensatez ou desonestidade intelectual. Só para lembrar: o demônio acredita na existência de Deus.
Não há como se fazer Evangelização sem se ressaltar as incompatibilidades entre o Cristianismo Católico e as demais doutrinas. Evangelizar é falar da Boa Nova. É levar para o próximo a Revelação, a Verdade, mas sempre com tolerância e respeito ao direito de escolha de quem quer que seja, direito o qual, inclusive, é objeto de proteção constitucional (art. 5º, inc. VI).
Mas respeito não é sinônimo de concordância. O respeito ao direito de escolha, isto, sim, é que é tolerância. Conceitualmente, tolerância implica divergência, ou melhor, admitir a existência de pensamento divergente. Sem divergência o termo tolerância perde o significado. É uma questão de lógica. Simplesmente.
A escolha é necessária, a menos para quem defende a possibilidade de mistura do que é imiscível. Esse argumento, com efeito, não subsiste quando se sai do superficialismo.
Optar por Cristo implica ser perseguido, especialmente nos tempos atuais, onde o martírio mais comum do cristão é o de ser tachado como inculto, atrasado, preconceituoso, etc. Mas desde quando abraçar o Cristianismo foi fácil?
Ser cristão requer autenticidade. Requer coragem. Cristão que defende o relativismo moderno é “cristão” “morno”.
Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te. (Apocalipse 3, 15-16)
Fiquem com Deus!
Francisco José
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